Em face à profunda recessão econômica do Brasil, os governos federal, estaduais e municipais estão implementando políticas de austeridade. Em dezembro de 2016, o governo federal aprovou o congelamento de investimentos públicos em ciência, tecnologia, inovação, educação e saúde pelos próximos 20 anos.

Uma vítima dessas medidas de austeridade é o sistema de universidades públicas. Por exemplo, em 2016, o governo estadual repassou à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) somente 75% da verba estipulada na Constituição Estadual. Devido ao déficit, serviços de manutenção básica foram interrompidos e funcionários da UERJ, incluindo professores e pesquisadores, estão recebendo os seus salários com até três meses de atraso e algumas vezes não integralmente. Projetos de pesquisa estão sob ameaça de serem interrompidos devido à carência de investimentos. Em consequência disso, cientistas e acadêmicos estão considerando deixar o Brasil.

A UERJ pode logo ser forçada à privatização por razões financeiras. A privatização poderia comprometer a independência da universidade e a qualidade das suas pesquisas. Das 195 universidades brasileiras, nove das dez melhores são públicas, incluindo a UERJ, em 10º lugar. Outro ranking mostrou que das 50 melhores universidades brasileiras, em termos de qualidade da pesquisa, 94% delas são públicas. A perda desta opção poderia também piorar o já difícil acesso à educação superior pública no Brasil. É crucial assegurar que a UERJ continue a ser uma universidade pública, livre, independente e autônoma de excelência.

Carla C. Siqueira & Carlos Frederico D. Rocha
(Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Science 26 May 2017
Vol. 356, Issue 6340, pp. 812
DOI: 10.1126/science.aan2527

Fonte: http://science.sciencemag.org/content/356/6340/812.2