Carta Capital – publicado em 6/12/2013

(Mandela e Fidel Castro em Matanzas. Foto: Liborio Noval/Granma)

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Discurso de  Nelson Mandela em Matanzas, Cuba, 26/07/1991
É um grande prazer e uma honra  estar presente aqui hoje, especialmente em um dia tão importante na história revolucionária do povo cubano. Hoje Cuba comemora o 38º aniversário do assalto ao quartel de La Moncada. Sem Moncada, a expedição no Granma, a batalha de Sierra Maestra e a extraordinária vitória de 1º de janeiro de 1959 nunca teriam ocorrido.
Hoje é a Cuba revolucionária, a Cuba internacionalista, o país que mais tem feito pelos povos da África.
Esperamos muito tempo para visitar seu país e expressar os sentimentos que temos sobre a revolução cubana, sobre o papel de Cuba na África, no Sul da África, e no mundo.
O povo cubano tem um lugar especial nos corações do povo da África. Os internacionalistas cubanos fizeram uma contribuição sem paralelo para a independência, a liberdade e a Justiça na África, por seu caráter íntegro e abnegado .
Desde seus primeiros dias, a revolução cubana tem sido uma fonte de inspiração para todas as pessoas amantes da liberdade. Nós admiramos os sacrifícios do povo cubano em manter sua independência e soberania diante da perversa campanha imperialista orquestrada para destruir as impressionantes conquistas da revolução cubana.
Nós também queremos controlar nosso próprio destino. Estamos determinados a que o povo da África do Sul trace seu futuro e continue a exercitar seus plenos direitos democráticos após a libertação do Apartheid. Não queremos que a participação popular acabe no momento em que o Apartheid se for. Nós queremos que o momento de libertação abra o caminho para uma democracia ainda mais profunda.
Nós admiramos as conquistas da revolução cubana na esfera do bem-estar social. Nós percebemos a transformação do país, de um atraso imposto à alfabetização universal. Nós reconhecemos seus avanços na área da saúde, educação e ciência.
Seu constante compromisso com a sistemática erradicação do racismo não tem paralelo.
Mas a mais importante licão que vocês nos dão é que não importam as condições, as dificuldades que tiveram de enfrentar, não pode haver rendição! É um caso de liberdade ou morte!
Sei que seu país enfrenta muitos problemas agora, mas nós temos a confiança de que o povo forte de Cuba os superará, assim como ajudou outros países a superar os seus.
Sabemos que o espírito revolucionário de hoje começou longo tempo atrás e que este espírito foi incendiado por aqueles que lutaram pela liberdade de Cuba, e também pela liberdade de todos que sofreram sob a dominação imperialista.
Nós também nos inspiramos na vida e no exemplo de José Martí, que não é só um herói cubano ou latino-americano, mas que é justamente homenageado por todos que lutam para ser livres.
Também homenageamos o grande Che Guevara, cujas façanhas revolucionárias, inclusive em nosso próprio continente, foram poderosas o suficiente para que qualquer censura na prisão pudesse esconder de nós. A vida de Che é uma inspiração para todos os seres humanos que amam a liberdade. Nós sempre honraremos sua memória.
Viemos para cá com grande humildade. Viemos para cá com grande emoção. Viemos para cá com um sentimento de grande dívida em relação ao povo de Cuba. Que outro país pode ser comparável à enorme generosidade de Cuba em suas relações com a África?
Quantos países do mundo se beneficiam dos profissionais de saúde e educadores cubanos? Quantos deles estão na África?
Na África, nós estamos acostumados a ser vítimas de países que querem escavar nosso território ou subverter nossa soberania. Não tem paralelo na história africana que um outro povo se erga em defesa de um de nós.
Nós sabemos também que esta foi uma ação popular em Cuba. Sabemos que aqueles que lutaram e morreram em Angola foram apenas uma pequena proporção dos que se apresentaram como voluntários. Para o povo cubano, internacionalismo não é só uma palavra, mas é algo que deve ser praticado para o benefício de amplos setores da humanidade.