por: Valton Miranda Leitão

O Ditador fascista Mussolini disse certa vez que era preciso calar o cérebro maravilhoso de Antonio Gramsci. Lula, certamente não tem a dimensão intelectual do escritor de Cadernos do Cárcere, mas certamente é o mito-símbolo da esquerda que o nazifascismo conservador, que tem sua sede principal em Curitiba, pretende calar, invalidando-o eleitoralmente ou prendendo-o. Qualquer que seja a hipótese, essa camarilha que deu o golpe no Brasil terá uma enorme surpresa, pois certamente, ou Lula se elegerá presidente ou então será motivo de romaria em alguma suja cadeia dessa ditadura disfarçada.

“A produção do filme ‘Polícia Federal-A Lei é para Todos’, que usou imagens da própria corporação para reproduzir a condução coercitiva de Lula, em 2016, capricha no lançamento. Ela está pagando passagem e hospedagem para que jornalistas de outros Estados vejam o filme em primeira mão, em pré-estreia em Curitiba, no domingo (27). Os patrocinadores do filme seguem sendo mistério. O segredo é mantido a pedido deles mesmos.” (Mônica Bergamo. “Folha de S. Paulo”, 26.08.17)

“Com orçamento de R$ 15 milhões, investidores secretos e colaboração de agentes da Lava Jato, o filme ‘Polícia Federal –A Lei É para Todos’ tem objetivo claro: ‘Macular a imagem’ de Lula –com ajuda da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba e da Polícia Federal. Esse é o cerne da petição encaminhada na quinta [23/3/17] por advogados do ex-presidente à instância judiciária sob guarda do juiz Sergio Moro e à PF. Prevista para agosto, a obra terminará com o dia em que delegados buscam Lula sob condução coercitiva. De roupa de ginástica, ele [interpretado por Ary Fontoura] ouve: ‘Isso se chama condução coercitiva’. E rebate: ‘Isso se chama filha da putice’. O problema é que esses detalhes só vieram à tona por dupla ilegalidade, diz à reportagem Cristiano Zanin, um dos defensores do ex-presidente. Ele questiona por que a condução foi gravada, e o vídeo depois compartilhado com a equipe da produção. Na petição, a defesa pede que o filme e a revista ‘Veja’ [que teve acesso à gravação] se abstenham de usar as imagens e que sejam identificados os responsáveis pelo vazamento. Citando reportagem da Folha, indaga também se ‘foram cedidos armas, uniformes, carros, helicópteros e aviões da PF para a gravação’ . Essas informações foram relatadas pelo produtor Tomislav Blazic. Ele disse em fevereiro que atores chegaram a visitar a carceragem da PF em Curitiba. Em novembro, atores e diretor do filme visitaram a carceragem da Superintendência da PF, em tour conduzido por Newton Ishii, o ‘Japonês da Federal’. Bruce Gomlevsky, que interpreta personagem baseado no delegado Márcio Anselmo, disse que foram duas visitas, ambas a pedido da equipe do longa. ‘Deprimente. Eles ficaram acuados no canto da cela. Alguns estavam lendo, outros deitados na cama. Deprimente’ , diz o ator. Ao autorizar a visita, a PF promoveu um ‘espetáculo de horror’ , nas palavras de Martim de Almeida Sampaio, presidente da Comissão de Direitos Humanos da seção paulista da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]. ‘Aquelas pessoas estão presas, muitas sem julgamento, e são submetidas a atração pública como num zoológico’ , diz. ‘A Constituição proíbe essas violações ao direito de imagem.’ Procurada, a PF diz que por ora não vai se pronunciar. Em despacho de sexta [24/3/17], Moro afirma que ‘não cabe a este juízo impor censura a veículos de comunicação ou mesmo à produção de algum filme’ (como ele é ‘democrata’, né ?). O juiz está na ficção, vivido por Marcelo Serrado.‘Se o filme é feito com material ilegal, é necessário saber quem está por trás dele’ , afirma o advogado Zanin. A petição que assina questiona o anonimato dos investidores num momento em que ‘pesquisas colocam [Lula] em destaque na disputa presidencial de 2018’. Outro incômodo : numa ‘operação de grandes proporções’, que implicou empresários e políticos de vários partidos, por que eleger a condução de Lula como ‘gran finale’ ? Seria um ‘claro juízo de seletividade que visa macular sua imagem perante a sociedade’.” (“Folha de S. Paulo”, 25.03.17. Os destaques e o contido nos parênteses são da minha autoria.)

Por que “investidores secretos” ? Porque entre eles, por exemplo, devem estar os bilionários e norte-americanos irmãos Koch, ligados à CIA e que já andaram recentemente financiando grupos a favor do impeachment de Dilma ? Porque entre eles devem estar os capitalistas arquimilionários, corruptores e financiadores do golpe e da coligação fascista PSDB/DEM/PPS ?

Realmente, nada mais malcheiroso do que tais ricaços, sanguessugas e genocidas do nosso povo, e seus sórdidos capachos públicos, políticos e midiáticos. Sente-se isso, mais uma vez, na produção e proteção desse filme calhorda e criminoso, semelhante ao outro, já exibido, “Real-O Plano Por Trás da História”, feito para santificar o Plano Real, e que não passou, como bem assinalou o renomado ator Herson Capri, que declinou do convite para nele interpretar FHC, de “Uma peça de propaganda do PSDB, do Plano Real e do mandato de FHC, visando a 2018.” (Ancelmo Gois. “O Globo”, 02.04.17).

O que é mais do que comprovado pelas seriíssimas acusações de um dos advogados de Lula, já mencionado acima, Cristiano Zanin :

“BRASIL DE FATO – Está previsto para estrear no segundo semestre o filme ‘Polícia Federal- A Lei é para Todos’, com participações de atores globais como Ary Fontoura, Flávia Alessandra e Marcelo Serrado. O que esperar desse filme?

ZANIN – Temos vários questionamentos com relação a esse filme. O primeiro é que o próprio juiz [Sérgio Moro] que autorizou a condução coercitiva ilegal, mesmo esse juiz fez uma ressalva expressa de que não seriam admitidas imagens ou gravações. Ele escreveu com letras garrafais que eram ‘proibidas imagens e gravações em qualquer hipótese’ . Então o fato de existir uma gravação já mostra que essa decisão judicial não foi respeitada pelas autoridades envolvidas na execução da ordem. Além de existir um vídeo, quando ele é disponibilizado para terceiros estranhos à investigação, essa conduta é ainda mais grave, porque você expõe a intimidade, a imagem e a honra das pessoas que estão envolvidas no processo judicial. E fazem isso para produzir uma obra que não tem nenhum interesse com relação ao processo. Ao contrário, é uma obra que quer colocar culpa em relação ao ex-presidente Lula, uma culpa que não foi reconhecida em nenhum processo. Esses questionamentos foram apresentados ao juiz de Curitiba para que ele tome providências em relação a esses problemas, que são ilegalidades que aconteceram na execução da própria ordem que ele deferiu. Além do vazamento de filmagens a terceiros, existe o problema do envolvimento direto de autoridades na produção desse filme. Vários atores declararam publicamente que fizeram verdadeiros laboratórios com essas autoridades. Ou seja, essas autoridades se comprometeram com um roteiro que envolve pessoas que ainda estão pendentes de julgamento. Então é claramente uma violação em série, causada por essa relação promíscua entre autoridades e agentes estranhos às investigações, não só com o acesso aos materiais, mas compartilhando experiências com as autoridades.”(“Brasil de Fato”, 11.04.17)

Acertaram na “mosca”, portanto, os jornalistas Rodrigo Martins e Sérgio Lírio : “A campanha ‘Doria presidente’, a aparição pública de Luciano Huck e os dois filmes servem a um propósito. Na contramão das expectativas do golpe de 2016, o afastamento de Dilma não sepultou as chances do campo progressista. Sem alternativas viáveis, o establishment persiste na sôfrega busca de um anti-Lula.” (“Carta Capital, 12.04.17)

E logo após, ainda em meados desse abril, o Exército resolveu conceder uma das suas mais altas comendas, a Ordem do Mérito Militar, justamente a Moro (que em 2016 já recebera, do mesmo Exército, a Medalha do Pacificador…), Huck e Doria ! Isso que é ser “apolítico” e “apartidário”, né ?