Foi publicada no D.O.U no dia 17/03/2017 a exoneração do Dr. Renato Machado Cotta do cargo de presidente da Comissão nacional de Energia Nuclear – CNEN.

Renato Cotta, cientista renomado da COPPE, indicado para o cargo na CNEN pela Academia Brasileira de Ciências, vinha fazendo uma excelente gestão frente ao órgão e ao Programa Nuclear Brasileiro, sendo por isso uma surpresa para todos sua exoneração.

A exoneração coincidiu com a negativa de Renato Cotta, após a insistência do Ministério de Ciência e Tecnologia-MCTIC, em empossar na Nuclebrás Equipamentos Pesados –NUCLEP, Indústria estratégica do setor nuclear, nos cargos de Presidente e Diretores da empresa indicados políticos. Tais indicados não cumprem com os requisitos definidos na nova lei das Estatais conforme atestado pelo Comitê de Elegibilidade da Empresa em ata pública, que se encontra disponibilizada no Site da NUCLEP.

No lugar de Renato Cotta foi nomeado no D.O.U presidente da CNEN um major brigadeiro Roberto Pertusi, da pasta do Ministro Kassab, que até a data de nomeação compunha o conselho de administração da NUCLEP, como representante do MCTIC. Ao que parece a nomeação do major brigadeiro é uma forma de garantir que a CNEN, acionista majoritária da NUCLEP, vote favorável às indicações do Ministro Kassab, contrariando as decisões do Comitê de Elegibilidade.

Em seu primeiro dia frente a Comissão Nacional de Energia Nuclear, Pertusi foi surpreendido com mais de vinte pedidos de exonerações de servidores de carreira, de chefias técnicas da CNEN em repudio as manobras políticas do Ministro Kassab.

Entre as chefias que pediram a exoneração estão o Diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear-DRS, diversas chefias da DRS, incluindo coordenações chaves da área de segurança nuclear da CNEN, chefe de gabinete da presidência, assessores técnicos da presidência, chefe da área de relações internacionais, entre muitos outros.

O clima na CNEN é de consternação, não só pelo jogo político em que a casa foi envolvida, que completou 60 anos de serviços prestados a sociedade brasileira, mas também por ver que a CNEN pela primeira vez em sua história civil será conduzida por uma pessoa fora do setor nuclear, sem nenhuma formação técnica na área.