por: Valton de Miranda Leitão

O nome do notável líder cubano está em toda a imprensa mundial falada, escrita e televisada, de direita, centro e esquerda, diante do inexorável fato da morte. Os homens que marcam a história na política, na literatura, ciência e arte, são de personalidade de difícil apreensão para o senso comum.

Os inimigos de Fidel por ignorância ou motivação política afirmam que era um ditador sanguinário e o fazem sem a menor compreensão dos fatos históricos e das contradições econômicas e de classes impostas pelo mercado do capital. Fidel lutou todas as guerras e todas as batalhas no campo internacional contra o poderoso inimigo norte-americano, venceu todas!

As tolices midiáticas costumam propalar que se tratava de uma luta da democracia contra o comunismo, implantando na sociocultura e nos indivíduos um falso conceito de democracia. Quando Angola lutava pela liberdade, Fidel executou a incrível proesa de colocar milhares de soldados cubanos em território africano, ajudando na luta de libertação daquele povo contra a Inglaterra e os EUA, que montaram uma logística contra-revolucionária. Ao lado de Che Guevara e Cienfuegos, desceu com seus guerrilheiros a Sierra Maestra para entrar triunfalmente em Havana, derrotando o ditador Fulgencio Batista, apoiado pelos EUA.

O povo cubano sob sua liderança suportou mais de cinquenta anos de bloqueio econômico contra a Ilha e fez notáveis avanços na educação, na saúde e em diversas áreas da pesquisa científica. Venceu os mercenários pagos pelos norte-americanos na invasão da Baía dos Porcos em 1961 e ajudou Nelson Mandela a expulsar do poder a casta branca que dominava a África do Sul. Mandela o elogiava, dizendo se tratar do maior líder que a humanidade produzira em tempos modernos. É por isso que o pensamento socialista o reverencia como homem e como símbolo da luta contra as tiranias escancaradas ou escondidas, sob o manto da corrompida palavra democracia. Por isso Fidel é como José Martí e Bolívar, um libertador latino-americano.

A dialética que junta e separa cultura e civilização mostra sobejamente que na primeira o saber se torna corrompido e apropriado por poucos, enquanto o poder cai nas mãos de plutocracias, dividindo o mundo entre os que são cognitiva e moralmente superiores e o rebanho desorientado que deve ser dirigido conforme o jornalista Walter Lippmann, citado por Chomsky. É esse conceito de democracia e liberdade que Fidel repudiava, mostrando que as elites patrimonialistas não deveriam dominar a América Latina. 

O mundo da verdadeira democracia perde um campeão num momento difícil de ascensão dos ricos e da direita no planeta, o paradigma é Trump. Isso é o que parece ter acontecido na eleição norte-americana, pois além de culturalmente aquele país ser uma plutocracia, agora tem uma espécie de Pluto no poder.

O impressionante na personalidade de Fidel é que sofreu mais de seiscentos atentados e não se tornou um ser rancoroso e odiento como acontece no mundo e no Brasil com os odiadores na internet.

Hasta siempre Fidel!