por: Vagner Freitas
A base social da CUT protestará e sairá às ruas sempre que houver ameaças à democracia, ao Estado de Direito, às liberdades civis e aos direitos da classe trabalhadora.
Defenderemos a todo momento as conquistas dos governos de Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula. O processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados não é um golpe contra Dilma, mas sim contra toda a classe trabalhadora brasileira.
A história já nos ensinou -os trabalhadores são os mais prejudicados sempre que um governo de base popular é derrubado por forças conservadoras. O principal exemplo ocorreu em 1964, quando as forças de direita apoiaram o golpe e os militares assumiram o comando do país. Vivemos nos anos seguintes um período de arrocho salarial, com piora na distribuição de renda e perda de direitos, como o fim do regime de estabilidade no emprego.
Os conservadores que agora tentam derrubar a presidente Dilma são os mesmos que apresentam projetos de lei para retirar direitos dos trabalhadores, como o PL 4330, da terceirização, o PLS 555, que abre o capital das estatais e limita a participação dos trabalhadores nos conselhos de administração, e o PLS 432, que flexibiliza o conceito de trabalho escravo. Como podemos ver, pouco mudou, o alvo de um golpe nunca deixa de ser o trabalhador.
Há sim, no entanto, uma diferença significativa. Hoje os golpes tentam se apropriar de um discurso democrático, apenas para camuflar seus mesquinhos interesses próprios.
Foi o que ocorreu em Honduras e no Paraguai. Por aqui, os grupos que perderam as eleições presidenciais de 2014 querem de toda forma ocupar a cadeira que não conquistaram legitimamente nas urnas.
Tentam ainda inviabilizar a candidatura de Lula em 2018, criando um ambiente de crise política que agrava a crise econômica e paralisa o país. A estratégia é a mesma de 1964, o falso combate à corrupção.
Sem compreender o momento histórico que o país vive, muitas pessoas acreditam que o fim do PT, a prisão de Lula e o impeachment de Dilma irão resolver, como num passe de mágica, todos os problemas econômicos e políticos enfrentados pelo Brasil.
Quem for além desse raciocínio precário perceberá que vivemos um momento único de combate à impunidade e correção de rumos das instituições públicas e privadas. A investigação de todas as denúncias indica que estamos construindo um país melhor, mais ético.
As perseguições contra Dilma e Lula têm caráter político. Não há base jurídica para cassar o mandato da presidente. Não há nada de concreto que justifique a prisão de Lula. O que a oposição, com forte apoio de parte da mídia, tenta fazer é dar a um golpe de Estado a aparência de operação judicial.
Nossa resposta é uma só, fortalecer a democracia. Esse é o único campo fértil para garantirmos a manutenção e a ampliação dos direitos da classe trabalhadora, da justiça social e da distribuição de renda.
Essa é a agenda da CUT para o Brasil. E foi justamente essa agenda que a CUT e dezenas de entidades dos trabalhadores e empresários entregaram para a presidente em dezembro do ano passado. Fizemos propostas de ações para a geração de emprego e o aquecimento da produção, garantindo, assim, o avanço do sistema econômico produtivo e das relações de trabalho.
Sempre que necessário, estaremos nas ruas de todo o Brasil para defender a democracia e denunciar o golpe. Atos de resistência são fundamentais na luta contra os conservadores e a retirada de direitos.
Acreditamos que os brasileiros, ricos e pobres, brancos e negros, podem e devem construir um país mais desenvolvido, mais solidário, mais justo e mais democrático, sem ódio nem intolerância.
Por isso, reforço o convite para todos nos acompanharem nos próximos atos pela democracia.
VAGNER FREITAS é presidente nacional da CUT – Central Única dos Trabalhadores
Fonte: Folha