por: Bernardo Mello Franco
BRASÍLIA – Nos últimos dias, circulou entre parlamentares uma montagem com o cartaz do filme “Esqueceram de mim”. No lugar do ator mirim Macaulay Culkin, aparece o rosto de Eduardo Cunha. O peemedebista sumiu da linha de tiro desde que deflagrou o processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
O mês não começou bem para o presidente da Câmara. No dia 2, seis ministros do Supremo Tribunal Federal receberam a denúncia que o acusa de embolsar US$ 5 milhões desviados da Petrobras. No dia seguinte, outros quatro ministros completaram o placar de 10 a 0. Por unanimidade, Cunha se tornou réu por corrupção e lavagem de dinheiro.
Parecia o fim da linha para o correntista suíço, mas o vento começava a virar a seu favor. Na mesma quinta-feira do julgamento, surgiu a delação do senador Delcídio do Amaral. No dia seguinte, a Polícia Federal bateu à porta do ex-presidente Lula. Vieram as manifestações de rua contra o governo e, no dia 17, o deputado presidiu a sessão que instaurou a comissão do impeachment.
Cunha e a oposição voltaram a jogar no mesmo time. Deputados de PSDB e DEM, que se revezavam na tribuna para exigir sua cabeça, suspenderam os discursos indignados. Em retribuição, o peemedebista apressou o processo contra Dilma. Chegou a convocar sessões extras, às segundas e sextas, para encurtar o prazo de defesa da presidente.
“O impeachment só está acontecendo por causa do Eduardo Cunha”, resumiu o deputado Paulinho da Força, um dos aliados mais próximos do presidente da Câmara.
Enquanto a comissão de impeachment acelera, o Conselho de Ética pisa no freio. Com todos os holofotes voltados para Dilma, o órgão que deveria julgar Cunha está praticamente paralisado. Na terça, o deputado Chico Alencar usou a Fórmula 1 para comparar a velocidade dos dois processos. “Lá é Ayrton Senna, aqui é Barrichello”, protestou. O Macaulay Culkin do petrolão agradece.
Fonte: Folha