Redação do Site Inovação Tecnológica – 29/01/2013
Antenas celulares
Todos querem ter sinal no celular onde quer que estejam, mas nem todos querem ter uma antena de celular na vizinhança.
Uma equipe de pesquisadores europeus está agora apresentando uma solução inusitada para esse problema.
A equipe se propôs a trabalhar na eliminação dos chamados “buracos negros” – áreas sem cobertura dos sinais de celular e internet sem fios – e da saturação de algumas áreas, quando há sinal, mas a rede fica congestionada por excesso de usuários.
A solução que eles encontraram parece controversa à primeira vista.
Em vez de mais antenas normais, que custam caro para as operadoras e enfrentam oposição da população, os pesquisadores propõem usar “células” de sinal – pequenas antenas com área de cobertura menor, espalhadas por toda a cidade, inclusive nas residências.
Ao contrário do que possa parecer, essas antenas domésticas permitiriam diminuir a intensidade dos sinais distribuídos por toda a cidade, o que seria obtido por duas vias: fazendo as “antenas celulares” operarem com uma potência baixíssima, e unificando a rede celular com a rede de telefonia fixa.
Femtocélulas
A unidade básica das antenas celulares seria o que a equipe chama de “femtocélula”, essencialmente uma antena residencial, capaz de prover sinal para uma casa ou para um andar de um edifício.
Há também a “femtocélula móvel”, dedicada a fornecer o sinal para ônibus, trens e outros veículos.
Uma célula comercial atenderia a empresas, prédios de escritórios ou shopping centers.
Na opinião dos seus defensores, em vez de aumentar a intensidade de sinal da radiação eletromagnética na cidade como um todo, o conceito de femtocélula na verdade diminui a quantidades de ondas de rádio no ambiente, permitindo que as operadoras otimizem o uso de suas frequências.
Isso porque, sendo ligadas à fiação da telefonia fixa, cada antena poderia selecionar como transmitir seus sinais, se para a próxima antena, ou, para um destino mais distante, pela fiação.
Outra medida seria a limitação da potência de cada femtocélula, que deve operar com uma potência típica de 10 mW.
Antenas inteligentes
Ainda há muitos desafios para tornar prático esse conceito, mas as autoridades europeias estão levando a ideia a sério: o projeto Befemto recebeu apoio do programa FP7, a maior fonte de financiamento para pesquisas na Europa, e tem na lista de colaboradores as maiores empresas de telecomunicações e provedores de telefonia móvel, além de uma dezena de universidades.
O entusiasmo se baseia nos primeiros testes de campo, que mostraram resultados animadores.
Os testes mostraram que as femtocélulas reduzem o tráfego nas redes móveis e melhoram a intensidade e a cobertura dos sinais em nível local.
“Adicionando femtocélulas e pequenas células à rede móvel, nós possibilitaremos que os operadores melhorem a eficiência do seu espectro por meio das redes heterogêneas e pela integração transparente com a rede de telefonia fixa,” disse Thierry Lestable, coordenador do projeto.
Ainda não há previsão sobre a adoção do projeto Befemto como um todo, mas os algoritmos de gerenciamento da rede, que dão às antenas a inteligência para fazerem o roteamento entre as redes móvel e fixa, já estão sendo aproveitados pelos parceiros comerciais do projeto.