Humberto França, escritor

O Brasil não tem se destacado entre os países do BRIC. E não vem crescendo como poderia. Uma das causas da reduzida evolução do nosso PIB talvez seja a ausência de um planejamento estratégico de longo prazo. Igualmente, mantemos no âmbito das relações internacionais uma diplomacia muito contida, o que reduz a influência do país na solução dos conflitos mundiais e pode ser interpretada como um sinal de hesitação e tibieza pelas nações líderes. O país também necessita melhorar a extensão de suas representações diplomáticas. Mantemos uma embaixada em um minúsculo país, umas ilhotas no Caribe, São Cristóvão e Névis. Mas, pasmem, possuímos apenas um consulado na imensa Índia.

Se o nosso país deseja alcançar uma posição de destaque no grupo dos que tomam decisões no cenário internacional, necessita saber que liderança requer atitudes firmes. O exercício da influência exige determinação e o uso da pressão para preservar os interesses nacionais. Não há exemplos na história de que uma potência mundial tenha exercido liderança sem demonstrar, quando necessário, poder dissuasivo, força militar. O mundo mudou. A estratégia global estadunidense se transformou numa “liderança por detrás” – (“leading from behind”), conforme afirmou o presidente Obama. Portanto, abrem-se oportunidades que o Brasil parece não enxergar.

Por outro lado, a desvantagem brasileira no campo da educação e da ciência é preocupante. Faltam pesquisas, pesquisadores, escolas e faculdades em que o ensino das Ciências Exatas seja exigência prioritária. O distanciamento entre as universidades públicas e as empresas tem que ser revertido. Sem um maciço investimento das empresas privadas na pesquisa científica, o país não poderá avançar em competitividade.

Em 2010, assisti na Academia Militar de West Point, EUA, uma decepcionante palestra do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, em que se exibiu a nossa fraqueza tecnológica e militar. O Brasil, dentre os países do BRIC é o de menor expressão bélica e somos o único que não dispõe de arsenal nuclear. O nosso país sequer possui um complexo industrial militar capaz de assegurar um eficiente poder de dissuasão. As nossas Forças Armadas, de quadros com excelente formação, tem sido mantidas numa espécie de isolamento. Também não é admissível que o país não possua uma grande base naval na estratégica região Norte. E que ainda não tenha pactuado com a República de Cabo Verde, a instalação de um complexo militar binacional, com o propósito de defender os nossos campos petrolíferos no Atlântico Sul e cooperar na defesa da América do Sul e dos países africanos de língua portuguesa, pois o expressivo montante dos investimentos brasileiros na África já ultrapassou a soma de US$ 214 bi.

Recife, quarta-feira 09 e janeiro de 2013.

São muitos os desafios. Nossa participação nos mercados latino-americanos tem de ser assegurada. O projeto do MERCOSUL está em crise e necessita ser consolidado sem o que a nossa posição internacional estará ameaçada.  É hora de decidir: ser ou não ser uma nação líder no mundo. Eis a questão.

DIARIO DE PERNAMBUCO (9/1/2013)