Recomendo a leitura, na edição de dezembro (nº 65), da Retrato do Brasil (viva o Raimundo Pereira!) do artigo de Pergentino Mendes de Almeida sobre o livro Strange Fruit, Billie Holiday e a biografia de uma canção (2000) de David Margolick e tradução de José Rubens Siqueira, Editora Cosac Naify (www.retratodobrasil.com.br). Como aperitivo, vai a letra da canção, da autoria de Abel Meeropol (1905-1986), judeu comunista e branco:
“As árvores sulistas dão uma fruta estranha.
Sangue nas folhas, sangue nas raízes.
Corpos negros balançam à brisa sulista,
Frutas esquisitas penduradas nos álamos.
Uma cena pastoril do sul galante:
Olhos esbugalhados, boca torta,
Um suave aroma de magnólia, fresco e doce:
e, de repente, o cheiro de carne queimada.
Eis uma fruta para os urubus beliscarem,
Para a chuva enrugar, para o vento secar,
Para apodrecer ao sol, para a árvore deixar cair,
Eis uma estranha, amarga colheita”.