ONU divulga que 80% dos 1,4 mil mortos por ataques de Israel na Faixa de Gaza são civis. Porta-voz que atuava em hospital onde 20 crianças foram mortas ontem cai em lágrimas durante relato: “Não somos burocratas sem coração!”
A dramaticidade do massacre imposto pelo regime de Benjamin Netanyahu à população civil da faixa de Gaza cresce a cada dia. Nesta quinta-feira 31, a ONU divulgou oficialmente que 80% dos mais de 1,5 mil mortos entre os palestinos são civis, entre adultos e crianças. O morticínio entre palestinos vai despertando reações diferentes entre os executivos da ONU encarregados de estabelecer um cessar-fogo duradouro. Vai das lágrimas pelo que está acontecendo à ira contra o apoio dos Estados Unidos ao regime de Benjamin Netanyahu.
Em entrevista à rede de televisão árabe Al Jazeera, Christopher Gunness, porta-voz da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) caiu em lágrimas ao falar sobre o ataque, ontem, a uma escola usada pela ONU para abrigar palestinos. Pelo menos 20 pessoas morreram ali, a maioria crianças, e mais de cem ficaram feridas. A posição da escola para refugiados foi passada nada menos que 17 vezes para os militares de Israel, que, ainda assim, atingiram o alvo reconhecidamente civil.
“Eu acho que isso mostra que não somos apenas burocratas sem coração da ONU, nós temos coração, e, algumas vezes, eles quebram” disse.
A escola da ONU no campo de refugiados de Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza, foi atingida por pelo menos três projéteis. Mais de três mil pessoas estavam no local no momento do ataque. Outra escola já havia sido alvo de bombardeio no dia 24 de julho, em Beit Hanun, matando cerca de 15 palestinos.
Do ponto de ético e moral, os Estados Unidos não têm como se livrar da responsabilidade pelo massacre praticado pelo governo israelense sobre os palestinos. Em Nova York, nesta quinta-feira, 31, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou o governo de Barack Obama por dar armamento ao exército israelense e não fazer o suficiente para deter a ofensiva contra a Faixa de Gaza.
“Os Estados Unidos têm influência sobre Israel e deveriam fazer mais para parar as mortes, para que as partes em conflito dialoguem”, disse Pillay em entrevista coletiva. “Eles não só fornecem a Israel artilharia pesada usada em Gaza, mas gastaram quase US$ 1 bilhão para proteger o país contra os foguetes palestinos. Uma proteção que os civis de Gaza não têm”, prosseguiu.
“Os Estados Unidos também deveriam fazer mais para acabar com o bloqueio aos territórios ocupados. Deveria fazer mais para acabar com os assentamentos. Lembremos que os Estados Unidos votam contra, tanto no Conselho de Direitos Humanos como no Conselho de Segurança, todas as resoluções que condenam o bloqueio e os assentamentos”.
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