Durante anos, de 1964 a 1992, a petroleira estadunidense Texaco explorou petróleo no Equador, principalmente em sua região amazônica, detentora da maior biodiversidade do planeta.
A Texaco derramou pelo menos 71 milhões de litros de resíduos de petróleo e 64 milhões de litros de petróleo bruto em cerca de 2 milhões de hectares da Amazônica Equatoriana. Este desastre ambiental é 85 vezes maior que o vazamento causado pela British Petroleun (BP) no Golfo do México e 18 vezes maior que o vazamento causado pela Exxon Valdez no Alasca.
Mais grave é saber que toda esta catástrofe ambiental poderia ter sido facilmente evitada. Bastava que a Texaco não tivesse agido de forma tão irresponsável, utilizando ali as tecnologias mais obsoletas. Agindo assim, violou as normas do contrato de exploração que estipulavam claramente que a transnacional se comprometia a utilizar tecnologias com sistemas de reinjeção segura dos resíduos tóxicos no subsolo.
A petroleira preferiu maximizar seus altíssimos lucros e não usar no Equador a tecnologia que utilizava nos EUA, patenteada pela mesma empresa para diminuir os impactos negativos das operações petrolíferas. Se tivesse usado estas técnicas, poderia ter evitado o desastre ambiental que provocou no Equador.
Depois do desastre, Texaco descumpriu suas obrigações de remediação ambiental. Ao contrário, reduziu muitas piscinas de resíduos tóxicos, cobriu-as com uma camada superficial, mantendo praticamente intacta toda a contaminação.
Em 2001, a petroleira estadunidense Chevron absorveu a empresa Texaco, transformando-se na segunda empresa de petróleo dos EUA e a sétima maior do mundo.
Atualmente, depois de mais de 20 anos, a contaminação deixada pela Chevron-Texaco persiste. O solo, o subsolo, os rios e as lagoas, tudo está contaminado por resíduos petrolíferos e continuam causando danos irreparáveis ao meio ambiente e à vida das populações daquela região.
A culpa da Chevron-Texaco é óbvia, mas, mesmo assim, a empresa norte-americana continua negando-se a assumir sua responsabilidade e a pagar uma multa de 19 bilhões de dólares por remediação necessária a que foi condenada pela Corte do Equador. Ao contrário, a transnacional está processando o Estado Equatoriano em um tribunal internacional de arbitragem, com sede em Nova York, acusando-o de “conspiração” e alegando que as comunidades indígenas afetadas praticariam uma suposta “extorsão criminosa”. Ressalte-se que esta linha de defesa da transnacional foi sugerida pelo próprio magistrado que conduz o júri em Nova York.
Frente a esta prepotência imperial por parte da Chevron-Texaco contra o Equador e seu povo, um país que está realizando democraticamente transformações que atendem aos interesses populares e que reafirma sua soberania, entendemos ser importante uma mensagem de solidariedade para com o povo equatoriano e seu governo legitimamente constituído. Defender os direitos soberanos do povo equatoriano frente ao crime ambiental cometido pela Chevron – lembrando ser a mesma empresa que também causou enormes danos ambientais no litoral brasileiro – é também defender e afirmar o processo de integração latino-americana, que também se constrói com a solidariedade, uma espécie de ternura entre os povos.
Os poderes imperiais, a Chevron entre eles, não aceitam a postura soberana e independente que o Equador e outros países da América Latina conquistaram e praticam. Usam de qualquer pretexto para desestabilizar a estes governos populares que, além da defesa de seus interesses nacionais, estão construindo conjuntamente, com a Unasur e Celac, uma nova era de cooperação e integração para região.
Assim, nós, cidadãos brasileiros, conscientes da importância histórica das transformações democráticas em curso no Equador, expressamos publicamente nossa mais irrestrita solidariedade ao povo e ao governo equatoriano.
Assinaturas…
Leonardo Boff, teólogo
Frei Betto, escritor, teólogo
Emir Sader, professor
Fernando Moraes, escritor
Vanessa Grazziotin, Senadora Federal
Beto Almeida, jornalista
Altamiro Borges, jornalista
Beth Carvalho, cantora
Cristovam Buarque, Senador Federal
Manuela D’Ávila, Deputada Federal
Hamilton Pereira, poeta, Secretario de Cultura do D.F.
Roberto Amaral, escritor
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