“SOMOS OS FILHOS E AS FILHAS DA RESISTÊNCIA” do Grupo Filhos e Netos por Memória, Verdade e Justiça, enviado por Aton Fon Filho
Um grupo de filhos e netos de pessoas atingidas pela ditadura brasileira (1964-1985) esteve na manhã desta terça-feira, 2 de agosto, no aeroporto Galeão para dar as boas vindas às delegações e turistas que chegam ao Rio de Janeiro para as Olimpíadas.
Infelizmente, neste país, os crimes de lesa-humanidade cometidos durante a ditadura civil-militar não apenas foram perdoados pelo próprio Estado que os cometeu, como os executores e mandantes destes crimes gozam de total liberdade ainda hoje.
Esta vergonhosa realidade corrobora e autoriza a perpetuação da prática de tais crimes pelo Estado brasileiro. Sabemos que as pessoas que vivem em áreas de baixa renda sofrem com perseguições, torturas e desaparecimento quando se posicionam contra as injustiças sociais das quais são reféns.
Com o objetivo de denunciar um Estado que violou direitos humanos no passado e continua a violá-los no presente, munidos de faixas e cartazes, o grupo Filhos e Netos por Memória, Verdade e Justiça, recepcionou os visitantes para mostrar aquilo que os Jogos Olímpicos pretendem ocultar. O terrorismo no Brasil sempre existiu e continua existindo, praticado pelo próprio Estado.
Entendemos e assumimos a história da ditadura militar como herança do povo, constituída na memória coletiva da sociedade e não apenas uma herança familiar isolada.
Isto se reflete na imagem e na voz de todos os filhos da história que se assumem no exercício de sua militância política e reconhecem, nos dias de hoje, os efeitos da ditadura em diferentes níveis.
Nós, herdeiros da resistência, desejamos construir um movimento social comprometido com a transformação social.
Nossa herança se materializa através de um presente de luta coletiva, orientada por uma perspectiva afetiva, tendo como princípios norteadores a
Memória, a Verdade e a Justiça.