O editorial que a Folha de S. Paulo publicou hoje no começo da tarde é um dos pontos mais baixos da deprimente trajetória do diário paulistano.
Com o título “A hora do compromisso”, afirma: “Chegou a hora de [os candidatos mais competitivos] expressarem compromissos definitivos com a democracia”.
É óbvio o que vem depois. Bolsonaro e Haddad são igualados.
Um defende a tortura, zomba dos direitos fundamentais, agride mulheres, negros e homossexuais, privilegia a violência como forma de solução de conflitos, ameaça virar a mesa caso perca a eleição, articula quase abertamente um golpe militar.
A Folha manifesta seu rechaço a ele?
Não. A Folha pede que ele expresse um “compromisso definitivo com a democracia”.
O outro é acusado de “agressão constante” a decisões da justiça (como a condenação e inelegibilidade de Lula), de não criticar o governo da Venezuela e de não se penitenciar pela corrupção ocorrida nas administrações de seu partido.
Independentemente do que se ache dessas acusações: tem termo de comparação?
Denunciar o viés do judiciário é igual a defender a tortura?
Não apoiar a oposição venezuelana é equivalente a fazer apologia do estupro?
Recusar a autocrítica pública exigida pelos adversários é o mesmo que propor chegar ao governo pela força das armas?
É possível criticar o candidato do PT por muitos motivos. Mas afirmar que Haddad não expressa compromisso com a democracia é maldoso. É injusto. É mentiroso.
No momento em que a candidatura de Alckmin só espera os pregos serem martelados no caixão, igualar Bolsonaro e Haddad só tem um objetivo: preparar terreno para a adesão ao candidato do fascismo.
O povo na rua hoje, liderado por essa mulherada linda de luta, me faz acreditar que o retrocesso não passará. Mas, se tudo desse errado e a gente mergulhasse de novo nas trevas, tenho certeza: a Folha só não voltaria a emprestar seus furgões para a tortura porque, decadente como anda sua circulação, já deve estar praticamente sem furgões.
Roberto Amaral
01:34 (Há 21 horas)
para eu
Ricardo
Peço tentar postar com a seguinte legenda:;
Cinelândia: foto da manifestacão das muhleres cariocas (sábado) contra o fscismo
Grato,ra
Roberto Amaral
01:38 (Há 21 horas)
para eu
Nota da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
Pode um crente votar em Bolsonaro?
Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão” (Gálatas 5.1)
Nós, da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, compomos um movimento formado crentes em Cristo Jesus. Fazemos parte das mais variadas igrejas e denominações e além da fé, possuímos a certeza de que a democracia é um sistema que permite a garantia de direitos e a construção da cidadania plena.
Assim – diante de tantas cartas e posições de líderes religiosos que reconhecem a candidatura de Bolsonaro como messiânica – nos manifestamos contra as suas posições, levantando nossa voz em nome da justiça, como fizeram os profetas, os primeiros cristãos e milhares de crentes ao longo da história.
Levantamos nossa voz contra a violência, contra o machismo, contra o racismo, contra o preconceito, contra o sexismo, contra o autoritarismo e contra a exclusão manifestadas por Bolsonaro no exercício na vida política, e em seu excludente programa de governo, divulgado como solução para a realidade brasileira.
Afirmamos que armar a população não é política de segurança pública, pelo contrário, é declarar-se incompetente para desenvolver segurança eficaz para todos. Armar a população é emular a barbárie, atribuindo ao cidadão a responsabilidade por sua defesa pessoal. Também não é política de segurança pública premiar policiais que mais matarem “bandidos”. Isso é rito sumário e incitação à violência e ao assassinato.
Desacatar mulheres, sugerindo a sua inferioridade em relação ao homem, não é uma política de justiça e respeito, é misoginia, é assédio moral, é crime. Aludir a possibilidade de estupro em relação a alguém não é descuido verbal, é violência inominável e crime inafiançável.
Apoiar a prática da tortura é crime de lesa humanidade, elogiar torturadores, não é política de segurança nacional, é crime. Dizer que negros quilombolas não servem nem para reproduzir, não é grosseria, muito menos política de igualdade racial: é racismo e crime inafiançável. Deplorar seres humanos porque se entendem de modo diferente não é defesa da família, é desamor ao próximo.
Sabemos que o Evangelho de Jesus Cristo defende a vida de todas as pessoas, especialmente a vida dos mais fracos, física, social, econômica, educacional, racial e moralmente. Foi entre essas pessoas que Jesus andou, tendo sido, ele mesmo, uma delas. Por isso, e por todos os brasileiros, reconhecemos que a candidatura de Bolsonaro é alimentada pelo ódio, sendo o oposto à proposta do Evangelho, daquele que sendo Deus se fez humano e habitou entre nós.
Assim, convidamos o povo evangélico a repudiar as posições esboçadas por essa candidatura que propaga o ódio ao próximo e nega valores básicos do Evangelho, além de ameaçar o restabelecimento da democracia no Brasil. Afinal, como lembra e exorta o apóstolo, foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçamos firmes e não nos deixemos submeter novamente a um jugo de escravidão.
Deus abençoe o Brasil e nos dê sabedoria para votar com liberdade, jamais pelo medo ou ódio, mas somente movidos pelo amor e pela justiça.