por: Helena Chagas
Antes de tudo, é preciso que fique bem claro: errou, tem que pagar. A Justiça, e a cadeia, têm que existir para todos – pobres e ricos, políticos e não-políticos, parlamentares, presidentes da República, ex-presidentes, líderes populares, líderes impopulares e até juízes. Posto isso, o desafio: encontrar um cidadão brasileiro que tenha se tornado réu cinco vezes, ao longo de cinco meses, sendo as duas últimas denúncias aceitas com prazo de três dias entre uma e outra – 16 e 19 de dezembro – e apresentadas pelo Ministério Público apenas sete e quatro dias antes, respectivamente.
Só é possível lembrar um nome que se encaixe nesse perfil, o do agora pentaréu Luiz Inácio Lula da Silva, alvo de cinco ações judiciais, troféu de uma espécie de corrida entre os juízes federais Sergio Moro e Vallisney Oliveira. Por enquanto, o placar está 3 X 2, a favor de Vallisney, mas tudo pode mudar a qualquer momento. A próxima queda-de-braço já começou: quem será o primeiro a condenar Lula? Quem terá coragem de mandar prendê-lo, se é que isso vai acontecer?
O fato, muito estranho nessa véspera de recesso do Poder Judiciário, é a celeridade de juízes e procuradores em denunciar, processar e, muito provável e proximamente, condenar Lula. Prender já é outra história – e muita gente considera a hipótese remota, prevendo que uma decisão desse tipo acabe nas mãos da segunda instância, que também irá decretar ou não a inelegibilidade de Lula se confirmar a condenação.
O que está difícil esconder nesse momento é a pressa em pegar o ex-presidente Lula para tentar torná-lo inelegível antes das eleições de 2018 – ou, quem sabe, de um ainda improvável pleito em 2017… Coincidência ou não, o jogo ficou mais rápido depois do Datafolha que, há oito dias, mostrou Lula à frente de todos na corrida eleitoral em primeiro turno, perdendo apenas para Marina Silva no segundo.