por: Tereza Cruvinel
Os mais jovens não sabem disso mas os que pegaram a ditadura sabem o que significa a sigla DSI: Divisão de Segurança e Informação, uma unidade de dedurismo que havia em cada ministério para entregar ao SNI nomes de funcionários suspeitos de serem subversivos ou criticarem o regime.
Era o maccarthismo institucionalizado.
Agora, na ditadura civil de Temer, as DSIs estão de volta, embora informalmente.
Em todos os ministérios funciona uma máquina de delação de colegas suspeitos de ligações com o PT e de serem contra o governo interino.
Se o denunciado tem cargo comissionado, é sumariamente dispensado.
As delações funcionaram na EBC, no Minc e no Ministério da Saúde para ajudar os superiores na montagem das listas de demitidos.
O próprio embaixador Fernando Igreja foi destituído da chefia do Cerimonial do Itamaraty esta semana, nas vésperas das Olimpíadas, por ter feito postagens em tom crítico ao processo de impeachment.
E ainda que não tivesse feito, era conhecida sua identificação com a política externa anterior.
Triste o país que nada aprende com a História.
A ditadura passou e o SNI ficou para a História como uma de suas faces mais perversas.
Temer passará carregando na biografia a marca do golpe, do desmonte de políticas sociais e do retorno das práticas autoritárias como o expurgo e perseguição dos que exercitam o sagrado direito de divergir.