A propósito da ameaça protofascista, é bastante sugestiva a leitura do depoimento de Patrus Ananias, mais uma vítima da intolerância. Até quando vamos ficar achando que tudo isso é natural e sem consequências? Recomendo sua leitura e difusão. (RA)

“Este não vai ser o país do ódio. Ninguém vai nos tirar das ruas de Belo Horizonte.

Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Agrário

Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Agrário

Estive há pouco (domingo 8/11/2015) na Cervejaria Bar Brasil, um bar tradicional de BH, com minha esposa Vera, Carlão Pereira e sua esposa Jussara. Estávamos ali conversando entre amigos, sendo tratados com toda a gentileza pelos garçons. Pagamos a conta e levantamos para sair quando um homem em uma mesa próxima à porta começou a gritar, fazendo acusações de corrupção e levantando um daqueles cartazes – “Fora PT, Fora Dilma”…

Me aproximei e pedi 30 segundos para conversarmos. Ele retrucou que iria me “conceder 10 segundos”. Respondi que colocasse num papel e assinasse todas as acusações sem provas em relação a mim, que amanhã mesmo eu entraria com uma ação contra ele. Então a conversa mudou, com ele dizendo que “eram acusações em relação ao PT”. Uma câmera já estava posicionada desde o início, esperando para flagrar o momento “espontâneo”.

Algumas mesas ao redor, articuladas a essa primeira, começaram a ampliar o barulho, tentando nos intimidar. Não arredamos pé. Respondemos às acusações sem fundamento, exigimos respeito, mantivemos a firmeza. O acusador da primeira mesa rapidamente foi embora em silêncio, enquanto nós permanecemos ali.

Tivemos uma conversa altiva e buscamos negociação e diálogo, com convém a uma sociedade democrática. Fizemos isso porque ninguém vai nos tirar das ruas e dos bares de BH. Nenhuma reação de uma manifestação organizada, travestida de espontânea, vai nos intimidar e limitar nosso direito de sentar com os amigos e a família em um bar numa tarde de domingo em qualquer cidade.

Porque este não vai ser o país do ódio generalizado, mesmo que esse seja o sonho de tantos que não conseguiram vencer democraticamente.

Este não vai ser o país onde se toma o poder pela força, usando mentiras e calúnias sem fundamento.

Este não vai ser o país onde quem grita mais alto tem razão. Este vai continuar sendo o país da democracia, de quem sabe ouvir, compreender e debater”.