Público assiste à fala do ex-presidente uruguaio Jose Mujica na concha acústica da Uerj, no Rio - Daniel Marenco / Daniel Marenco

Público assiste à fala do ex-presidente uruguaio Jose Mujica na concha acústica da Uerj, no Rio – Daniel Marenco / Daniel Marenco

RIO – O ex-presidente do Uruguai José Mujica fez na tarde desta quinta-feira uma defesa contundente do governo Dilma Rousseff, em debate realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (RJ). Diante de cerca de 5 mil pessoas, o uruguaio criticou qualquer “aventura com uniformes” e pediu que a democracia brasileira seja defendida.

— Golpe de estado? Por favor… Esse filme, já vimos muitas vezes na América Latina. Esta democracia não é perfeita porque nós não somos perfeitos. Mas temos que defendê-la para melhorá-la e não para sepultá-la.
Nesse momento, o público composto majoritariamente por jovens reunidos na concha acústica da Uerj ficou de pé e aplaudiu, entoando gritos de “Não vai ter golpe!” e “Fora, Cunha”.

No mesmo evento, Mujica ainda falou sobre política fiscal e redução da maioridade penal. Depois de explicar que sem dinheiro o estado não consegue fazer nada em favor da sociedade, disse que a política fiscal é “a arte mais fina da política” e emendou uma defesa aberta da taxação das grandes fortunas:

— Que pague mais aquele que tem mais.

Mujica foi novamente ovacionado.

Ao ser perguntado sobre o projeto que busca derrubar a maioridade penal no Brasil de 18 para 16 anos — já aprovado em segundo turno na Câmara dos Deputados, o uruguaio foi diplomático. Disse que “as prisões são universidades do crime” e que multiplicar as penas não provocará mudanças”, mas também ressaltou que entende o “homem da rua”.

— O homem da rua existe. Ele pensa e sente. Quando é pisoteado, quando roubam dele, ele sente ódio. Temos que lutar pelo que é melhor mas devemos entender qual é a realidade.