por: Bernardo Mello Franco
BRASÍLIA – Aos 35 anos, o procurador Deltan Dallagnol é um dos principais personagens da Operação Lava Jato em Curitiba. Nesta segunda, ele falou sobre o petrolão em um espaço diferente: uma igreja batista na Tijuca, zona norte do Rio.
Cerca de 200 pessoas foram ouvi-lo, entre fiéis e pastores evangélicos. Antes de falar, o procurador, que tem mestrado em Harvard, foi apresentado como “servo” e “irmão”. De terno e gravata, discursou do púlpito, citou a Bíblia e disse acreditar que Deus colabora com a Lava Jato.
“Dentro da minha cosmovisão cristã, eu acredito que existe uma janela de oportunidade que Deus está dando para mudanças”, afirmou.
“Amém”, respondeu a plateia.
“É isso aí. Deus está respondendo”, devolveu Dallagnol.
O procurador pediu assinaturas para uma campanha do Ministério Público Federal que tenta endurecer leis contra a corrupção. Em tom pastoral, ele comparou a tarefa dos investigadores à de Neemias, personagem do Antigo Testamento que reconstrói os muros de sua cidade.
“Neemias agiu. Se nós queremos mudar o sistema, precisamos orar, agir e apoiar medidas contra a corrupção”, disse. “O cristão é aquele que acredita em mudanças quando ninguém mais acredita. Nós acreditamos porque vivemos na expectativa do poder de Deus”, prosseguiu.
Antes de participar de uma oração coletiva, Dallagnol pediu que os fiéis sigam a página do movimento “Mude – Chega de corrupção” em uma rede social. A página é mantida pelo pastor Marcos Paulo Ferreira, da igreja que ele frequenta em Curitiba.
Animado, o pastor anunciou uma série de mobilizações em agosto. A lista inclui uma “pregação contra a corrupção” no dia 16, data escolhida para as manifestações contra a presidente Dilma Rousseff e o PT.
Questionado pela coluna, Dallagnol não quis opinar sobre os protestos de rua. “Não somos contra nem a favor do impeachment. A gente não se manifesta sobre isso”, afirmou.