Redação do Site Inovação Tecnológica – 21/01/2013
Superomnifóbico
![De café a ácido, os cientistas testaram mais de 100 substâncias, e nenhum conseguiu molhar o material, que reveste o pequeno pedaço de tecido mostrado na foto. [Imagem: Pan et al./JACS]](http://ramaral.org/ra/wp-content/uploads/2013/01/1_superficie-repelente.jpg)
De café a ácido, os cientistas testaram mais de 100 substâncias, e nenhum conseguiu molhar o material, que reveste o pequeno pedaço de tecido mostrado na foto. [Imagem: Pan et al./JACS]
Mas que tal um tecido – ou qualquer outro material – que seja à prova não apenas de água, mas também de tinta, molhos e até ácido concentrado?
É o que demonstraram Shuaijun Pan e seus colegas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Pan criou um revestimento que é tão inimigo dos líquidos que o material está sendo chamado de “superomnifóbico” – um material que faz qualquer líquido formar gotas e escorrer.
Além da água, o material repele várias soluções poliméricas, solventes, óleos e alcoóis com tensão superficial extremamente baixa, e até ácidos e bases concentrados – foram testados mais de 100 líquidos diferentes, e nenhum conseguiu molhar, ou impregnar o material.
Isso abre a possibilidade de usar o revestimento para fabricar roupas de proteção para trabalhadores, além dos tão sonhados tecidos antimancha que sejam de fato à prova de qualquer mancha.
Outra possibilidade é o revestimento de materiais sujeitos a elevada corrosão, como o casco de navios.
Líquido fica no ar
O revestimento superomnifóbico é formado por nanopartículas do polímero PDMS (polidimetilsiloxano) misturados a um material hidrofóbico composto de carbono, flúor, silício e oxigênio.
A mistura é aplicada ao tecido, ou outro material que se deseja revestir, por uma técnica chamada deposição eletrostática.
O composto, inicialmente líquido, solidifica-se nos poros do material a ser protegido, formando uma textura em nanoescala que impede que os líquidos se espalhem.
![O segredo está em evitar que o líquido de fato toque a superfície sólida revestida. [Imagem: Pan et al./JACS]](http://ramaral.org/ra/wp-content/uploads/2013/01/2_superficie-repelente.jpg)
O segredo está em evitar que o líquido de fato toque a superfície sólida revestida. [Imagem: Pan et al./JACS]
“Normalmente, quando dois materiais se aproximam, eles trocam uma pequena carga positiva ou negativa, e logo que o líquido entra em contato com a superfície sólida ele começa a se espalhar,” explicou Anish Tuteja, coordenadora da pesquisa.
“Nós reduzimos drasticamente a interação entre a superfície e a gota,” concluiu ela.
Bibliografia:
Superomniphobic Surfaces for Effective Chemical Shielding
Shuaijun Pan, Arun K. Kota, Joseph M. Mabry, Anish Tuteja
Journal of the American Chemical Society
Vol.: 135 (2), pp 578-581
DOI: 10.1021/ja310517s