As rosas, envergonhadas, murcham hoje. De todas as cores. As vermelhas de origem, traídas, mais indignadas. Outras, de todas as cores, humilhadas, inconfomadas, doídas.

Uma rosa, juiza, mulher, plantada noutro dia por outra mulher, guerreira, trocou seu cheiro, feminino, por outro odor, o da traição, da mediocridade, da covardia. Trocou a esperança pelo medo, de ir contra o coro fascista das ruas. Juntou-se à apequenada carmen, mulher, juíza, plantada noutro dia por aquele a quem agora nega e trai, traindo ética e dignidade, curvando-se ao elogio da mídia e do planalto. Essas mulheres, rosa, carmen, dodge, todas brancas, murchas. Tomadas de ódio, arrogância, desfaçatez. Em tempos de Marielle, mulher, guerreira, negra, ex favelada, rosa de verdade, arrancada do povo que a plantou noutro dia. Pelos mesmos fascistas do coro verde e amarelo das ruas. Esta, virou flor, simbolo da verdade, do desassombro, da esperança. Aquelas, ervas da mentira, do assombro, da desesperança.

Hoje as rosas amanheceram murchas. Ofendidas na sentença que priva o direito à garantia da liberdade e do sonho.
É Cartola, as rosas choram sim. Roubaram seu perfume.

Dermeval Netto