Nos últimos dias, subiu à tribuna do plenário da Câmara dos Deputados uma sucessão de homens brancos bem de vida, preocupadíssimos com os crimes de estupro. Estupro, estuprada, estuprador, bradavam os defensores da ordem e da integridade feminina. O surto de solidariedade foi quase comovente.

Ora, mas quando a deputada negra Benedita da Silva, da favela do Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro, subiu ao púlpito e, em discurso emocionado, afirmou que foi violentada aos 7 anos de idade, e que nem por isso defende a redução da maioridade penal como panaceia para o grave problema da violência… a resposta, à parte alguns aplausos, foi um silêncio ensurdecedor.

Uma dica aos exegetas: parte da explicação para o fato pode estar na cena em que representantes do povo hostilizaram, no plenário, um colega – também contrário à redução – que se apresentou como ex-engraxate.

 

Pedro Amaral