Mais de 600 palestinos morreram em casa em operação no ano passado

gazaNo primeiro dia de combates, militares israelenses atacaram a casa da família de Kaware, que desabou. Nove pessoas, incluindo cinco crianças com idades entre 7 e 14 anos, morreram. As vítimas foram as primeiras de um total de 606 palestinos mortos dentro da própria casa — a maioria crianças, mulheres e homens acima de 60 anos — durante os 50 dias da operação Limite Protetor, no ano passado, que deixou 2.200 vítimas fatais entre os palestinos.

Os números são de um relatório divulgado ontem pelo ONG israelense B’Tselem, que investigou um total de 70 ataques a casas, nas quais, em média, pelo menos três pessoas morreram. Destas, mais de 70% eram mulheres, menores ou idosos. Em 50 dias de operação, cerca de 18 mil casas foram destruídas ou danificadas e mais de cem mil palestinos ficaram desabrigados.

A pesquisa da B’Tselem aponta ainda os três principais motivos que levaram à morte de tantos civis: a ampla definição do que se constitui um “objetivo militar”, ou seja, do que é alvo; a interpretação flexível do conceito de “danos colaterais”; e a inexistência ou ineficácia de avisos antes dos ataques. Ao longo dos combates, os militares utilizaram dois métodos principais de advertência: por telefone ou através do disparo de um míssil pequeno e sem carga explosiva no telhado antes do ataque.

“Os avisos nem sempre eram eficazes. Algumas vezes, os moradores não tiveram tempo suficiente para sair; em outros casos, não estava claro qual casa era o alvo. E alguns disseram não ter recebido nenhum alerta”, diz o documento, que revela que os ataques foram resultado de uma política “de funcionários do governo e do comando militar”.

JOVEM DE 14 ANOS É CONDENADA

Autoridades israelenses insistem que o Exército atuou de acordo com as normas internacionais durante o conflito. Da Faixa de Gaza, foram lançados mais de 4 mil foguetes e morteiros. Cinco civis, um deles um menino de 4 anos, e 77 soldados israelenses também foram mortos. Ontem, o chefe de Direitos Humanos da ONU informou em relatório que tanto israelenses, quanto palestinos falharam em investigar violações.
“É verdade que o Hamas e outros movimentos não respeitam o direito humanitário. Mas isso não justifica os ataques de Israel e suas consequências para a população civil”, diz a B’Tselem no relatório.

Há quatro semanas, Malak al-Jatib, uma palestina de 14 anos, foi julgada em um tribunal militar israelense e condenada a dois meses de prisão por jogar pedras contra carros na Cisjordânia. Dos mais de 5.500 palestinos presos em Israel, cerca de 150 são menores, segundo dados de novembro.