Povo brasileiro na copaEnquanto as equipes arriscam-se para ganhar a Copa do Mundo de futebol, o vencedor até agora tem sido os anfitriões: o povo brasileiro.

 Fortaleza, Brasil – Aqui estamos nós para a fase do mata-mata, e os críticos estão dizendo que esta está sendo uma das melhores Copas do Mundo de que se tem memória.

Desde a Colômbia e Holanda que acumularam mais de 10 gols cada uma à surpresa da Costa Rica ao drama da vitória do Brasil sobre o Chile.
Há muitos candidatos à vaga de maiores vencedores desta copa até o momento. O meu voto? O povo brasileiro.
O mundo está descobrindo que a arma secreta do Brasil não é Neymar ou os 170 mil agentes de segurança que se espalharam por todo o país. São os próprios brasileiros, que, em minha experiência, ganharam esta copa como anfitriões graciosos e elegantes (e às vezes pacientes).
Pessoas como Lucimar Nacimento que encontrou uma mala com ingressos da Copa do Mundo e um cartão de crédito em um ônibus. Ela fez questão de levar a mala a uma delegacia, onde eles foram capazes de rastrear o dono, um turista de 34 anos de idade, do México.

 Em Manaus, deixei o meu laptop de trabalho em um banco em uma movimentada área do porto da cidade, por onde centenas de pessoas estavam passando. Quando me dei conta, algumas horas mais tarde, voltamos correndo, e uma mulher que estava vendendo ingressos de passeio de barco pelo rio Amazonas em uma barraca de madeira, ao  perceber meu esquecimento, guardou-o para mim até o meu retorno.

O laptop vale, pelo menos, o salário de um mês de trabalho.

Do policial fora do estádio em São Paulo ajudando um turista bêbado da Croácia a encontrar um táxi até os pacientes comissários de bordo em Fortaleza tentando o seu melhor para falar inglês em um avião cheio de turistas barulhentos, até o recepcionista jovem em Manaus mantendo a calma e o sorriso no rosto ao tentar fazer o check-in de uma multidão de jornalistas estrangeiros que se debruçavam sobre ele, são os anfitriões brasileiros que ganharam esta Copa.

Na minha experiência, quanto mais você se distanciar dos bairros de elite, como o Leblon no Rio de Janeiro e o Jardins em São Paulo, mais genuinamente amigável é povo brasileiro.

Lembra-se? Há apenas algumas semanas estávamos dizendo que os aeroportos não seriam capazes de comportar a quantidade de usuários (e foram), os estádios não estariam prontos (e estavam), e a segurança seria um problema (o que não tem sido).

Mas fracassamos em lembrar que qualquer país pode construir estádios ou colocar policiais nas ruas, mas nem todos os países têm brasileiros para encher as festas, e os locais sabem disso.

Durante todos os jogos desta Copa, em algum momento, os fãs brasileiros começaram a cantar, de forma uníssona, um verso de uma canção que diz assim: “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor.”

Talvez seja um caminho para o Brasil dizer, de forma uníssona, ao mundo: “Você está aproveitando esta Copa? Gosta de nosso país? Nós o construímos, é nosso, mas seja bem-vindo mundo!”

Não importa o que acontecer em campo, continue cantando Brasil.

Você escreveu as letras, o resto do mundo está apenas seguindo o seu ritmo.