Medalha Direitos Humanos

A Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o Sindicatos de Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, o Sindicato de Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, e o Instituto Mais Democracia promovem no próximo dia 20, sexta-feira, a partir das 18 horas (Rua Araújo Porto Alegre, 71 – 7º andar) solenidade de entrega da MEDALHA DE DIREITOS HUMANOS, por serviços prestados a humanidade, ao direito de cidadania e ao direito humano da informação as seguintes personalidades:

  Julian Assange

Edward Snowden

Glenn Greenwald

Bradley Manning

Aaron Swartz

Mordechai Vanunu

James E. “Hoss” Cartwright

Homenageados:

– Edward Joseph Snowden

Ex-analista de inteligência dos Estados Unidos tornou públicos detalhes de várias programas altamente confidenciais de vigilância eletrônica dos governos de Estados Unidos e do Reino Unido. Ele participava como colaborador terceirizado da Agência de Segurança Nacional (NSA) e foi também agente da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA).

Ao prestar as relevantes informações de utilidade para o mundo, Snowden revelou como a inteligência norte-americana espiona países e personalidades. Com isso os brasileiros ficaram sabendo que o país é o maior vigiado pela NSA depois dos Estados Unidos. Até a Presidenta Dilma Roussseff e seus auxiliares mais próximos foram monitorados pelos espiões norte-americanos, uma afronta a soberania nacional que merece o repúdio de todos os brasileiros.

Snowden prestou serviço relevante ao tornar público detalhes da vigilância de comunicações e tráfego de informações executada pelo programa de vigilância PRISM dos Estados Unidos, tendo sido por isso considerado pelo governo dos Estados Unidos como ladrão de propriedade do governo, comunicação não autorizada de informações de defesa nacional e comunicação intencional de informações classificadas como de inteligência para pessoa não autorizada.

Mas para a comunidade internacional é considerado um herói da humanidade. Sua ação humanista é também um serviço de direito humano, porque indiscutivelmente a informação é um direito humano, bem como um direito de cidadania, totalmente ignorado por sucessivos governos estadunidenses.

Edward Joseph Snowden é um cidadão estadunidense nascido em 20 de junho de 1983 em Elizabeth City, na Carolina do Norte. Estudou computação na Anne Arundel Community College e posteriormente diplomou-se em uma faculdade comunitária, a General Educational Development. Mestrado on-line da Universidade de Liverpool em 2011, Snowden trabalhou em uma base militar dos EUA no Japão. Poliglota, fala japonês e mandarin e decidiu professar a religião budista. Em 7 de maio de 2004 alistou-se no Exército de seu país. Em seguida

Seu emprego seguinte foi como guarda de segurança da Agência de Segurança Nacional no Centro de Estudos Avançados de Língua na  Universidade de Maryland e na CIA onde passou a exercer a função de agente de segurança.

Considerado como gênio da computação, a partir de 2006 passou a escrever em um site de notícias de tecnologia e informação.

Decidido a prestar um serviço de utilidade pública para a humanidade, Edward Snowden primeiro fugiu em 20 de maio de 2013 para Hong Kong. Não conseguiu asilo político e seguiu para a Rússia, permanecendo um mês numa área de trânsito do aeroporto de Moscou até finalmente ter sido concedido o asilo político.

Snowden foi indicado pelo professor de sociologia Stefan Svallfors, de nacionalidade sueca, para o Prêmio Nobel da Paz. Na justificativa, Svallfors assinalou que os feitos de Snowden são “heróicos e significaram grandes sacrifícios pessoais”. E acrescentou que a atitude deste herói da humanidade estimula que pessoas envolvidas em atos contrários aos direitos humanos possam denunciá-los.

– Glenn Greenwald

Advogado constitucionalista, colunista influente nos Estados Unidos, blogueiro, comentarista político e escritor. Divulgou as informações de utilidade pública elaboradas por Snowden no jornal britânico The Guardian, revelações estas também editadas no jornal O Globo. Glenn Greenwald é colunista do site Salon.com.

Suas análises sobre a vigilância governamental e a separação de poderes foram mencionadas nos jornais norte-americanos The New York Times e The Washington Post.

Grenwlad é autor de dois best-sellers, How Would a Patriot Act, em 2006, e A Tragic Legacy, em 2007, bem como Great American Hypocrites, em 2008.

Ele vive atualmente no Rio de Janeiro com o companheiro brasileiro David Miranda, que foi arbitrariamente detido no aeroporto de Londres e respondeu a um interrogatório tendo seus pertences apreendidos e não devolvidos. Uma arbitrariedade, portanto, que merece o repúdio de todos.

Gleen Greenwlad é também um herói da humanidade e que tem de ser homenageado por nós, jornalistas e sindicalistas, com este prêmio de Direitos Humanos. E, vale sempre repetir, da mesma forma que Edward Joseph Snowden, Gleen Greenwald prestou também um serviço de utilidade pública, não só honrando o exercício do jornalismo, como reforçando o direito humano da informação e de cidadania.

– Julian Paul Assange

Nascido em 3 de julho de 1971 na cidade australiana de Townsville, Assange é responsável pelo site Wikileaks, integrado por nove membros do conselho consultivo. Graças a este espaço midiático na internet, o mundo foi informado sobre uma série de denúncias e vazamento de informações.

Estudante de matemática e física, Assange foi também programador e hacker, antes de se tornar editor chefe do WikiLeaks, fundado em 2006.
Esteve envolvido em publicações de documentos sobre execuções extrajudiciais no Quênia, tendo por isso recebido o prêmio da Anistia Internacional Media Award no ano de 2009.
Além de informar ao mundo sobre documentos relacionados com resíduos tóxicos na África, revelou o tratamento desumano que as autoridades estadunidenses dão aos prisioneiros de Guantánamo. Em 2010, o WikiLeaks publicou detalhes pormenorizados sobre o envolvimento dos Estados Unidos nas guerras do Afeganistão e Iraque. O mundo ficou chocado com as imagens de bombardeios através de helicópteros de civis.
A partir de 28 de novembro de 2010, o Wikileaks, jornais europeus e norte-americanos começaram a publicar os telegramas secretos da diplomacia dos Estados Unidos. Os brasileiros, por exemplo, foram informados sobre atividades secretas dos Estados Unidos no país e até mesmo a colaboração de maus brasileiros.
O importante trabalho de Assange no site WikLeaks foi reconhecido em várias partes do mundo tendo sido considerado pelo jornal Le Monde em 2008 como “homem do ano”. E em 2011 foi incluído na lista da revista Time como um dos 100 mais influentes do planeta.

Graças ao seu trabalho o mundo foi informado sobre crimes de guerra cometidos no Afeganistão e Iraque pelo Exército dos Estados Unidos.

Em resposta aos relevantes serviços prestados à humanidade, Julian Assange foi acusado na Suécia de ter cometido abuso sexual e estupro. Perseguido e ameaçado de ser deportado para a Suécia e em seguida para os Estados Unidos, onde possivelmente pegaria altas penas, Assange finalmente decidiu pedir asilo na embaixada do Equador em Londres, onde permanece a mais de um ano, tendo o governo britânico o mantido sob vigilância permanente e com ameaças de prisão caso tente embarcar para Quito.

Assange é um herói da humanidade, que está tendo os seus direitos desrespeitados pelo governo britânico.

– Bradley Edward Manning, atualmente Chelsea Elizabeth Manning

Nasceu em Crescent, Estado norte-ameircano da Califórnia, a 17 de dezembro de 1987.

Soldado do Exército estadunidense, Manning foi preso, em maio de 2010, e processado por acesso e divulgação de informações sigilosas. Foi condenado a 35 anos de prisão pela Justiça norte-americana sob a acusação de ter vazado 700 mil documentos secretos para o site WikiLeaks.
O soldado servia no contingente militar norte-americano no Iraque. Exerce a função de analista de inteligência do Exército no Iraque e no Afeganistão. Ele foi preso por Agentes do Comando de Investigação Criminal do Exército com base em informações recebidas de autoridades federais, prestadas pelo informante dedo duro Adrian Lamo. Numa conversa com Lamo, Manning revelou que havia sido responsável pelo vazamento de um vídeo do ataque de um helicóptero a civis iraquianos, em 12 de julho de 2007, imagem divulgada no site WikiLeaks.
Manning foi ainda acusado de vazar mais de 150 mil documentos para o site dirigido por Julian Paul Assange, mas a acusação nunca foi provada.
Os militares norte-americanos mantiveram Manning preso na base de Quântico, no Estado da Virgínia, em condições ilegais e desumanas. Ele foi impedido de falar com um juiz e também de impetrar habeas corpus.

Logo depois de ter sido divulgada a sentença, Bradley Manning pediu que fosse considerado mulher e submetido a tratamento hormonal. Não quer mais ser chamado de Bradley Manning, mas sim Chelsea Elizabeth Manning.

– Aaron Hillel Swartz

Nascido em Chicago a 8 de novembro de 1986, foi um programador estadunidense, escritor, organizador político e ativista da internet.

Seu currículo é grandioso, destacando-se, entre outras coisas, como um dos fundadores da organização ativista online Demand Progress e também membro do Centro Experimental de Ética da Universidade de Harvard.

Ajudou a criar o Creative Commons, que possibilitou acesso a milhões de arquivos públicos do judiciário norte-americano, além de textos acadêmicos de bancos de dados.

Em 6 de janeiro de 2011, Swartz foi preso pelas autoridades federais estadunidenses, por compartilhar artigos em domínio público distribuídos pagos pela revista científica JSTOR. Ele foi acusado pelo governo dos Estados Unidos de crime de invasão de computadores.

Em 11 de janeiro de 2013, portanto dois anos depois de ser acusado pelo governo de seu país, Aaron Swartz suicidou-se sendo encontrado enforcado – podendo pegar até 35 anos de prisão e multa de mais de um milhão de dólares – pelo fato de ter usado formas não convencionais de acesso ao repositório da revista.

Swartz era contrário à prática da JSTOR de compensar financeiramente as editoras, e não os autores, e de cobrar o acesso aos artigos, limitando o acesso para finalidades acadêmicas.

Dois anos depois, na manhã de 11 de janeiro de 2013, Aaron Swartz foi encontrado enforcado em seu apartamento no Brooklin. Se estivesse vivo, Swartz provavelmente pegaria a mesma sentença que Manning.

Ao se pronunciar sobre a morte de Aaron Swartz, Gleen Greenwald disse que ele “foi destruído por um sistema de ´justiça` que dá proteção integral aos criminosos mais ilustres (…) mas que pune sem piedade e com dureza incomparável quem não tem poder e, acima de tudo, aqueles que desafiam o poder”.

Depois da morte de Aaron Swartz, a promotoria federal em Boston retirou as acusações contra ele. Mas esse procedimento não alivia o fato de o Estado norte-americano ter sido o responsável pelo fim trágico do jovem.

Aaron Swartz é um herói da humanidade que não pode ser esquecido. Esta homenagem post mortem é mais do que merecida.

– Mordechai Vanunu

Também conhecido pelo nome de batismo de John Crossman, nasceu a 13 de outubro de 1954, em Marraquech, no Marrocos.

Depois de emigrar para Israel, tornou-se técnico nuclear. Revelou a informação sobre o programa nuclear do Estado de Israel, fato divulgado pela imprensa britânica, em 1986, e que é omitido oficialmente pelas autoridades daquele país.
Vanunu foi então seqüestrado em Londres pelo Mossad, o serviço secreto israelense, sendo julgado e condenado por traição. Ficou então preso durante 18 anos, sendo mais de 11 em cela solitária.
Mesmo libertado em 2004, Vanunu continua sujeito a uma série de restrições de comunicação e movimento. Desde que deixou a prisão voltou a ser preso por diversas vezes, acusado de não respeitar tais restrições.
Em março de 2005 foi citado por 21 acusações de “contravenção à ordem legal”, sujeito a pena máxima de 2 anos de prisão por acusação, e desde então espera pelo julgamento em liberdade.

Vanunu é considerado por defensores dos direitos humanos como um prisioneiro de opinião. A Anistia Internacional condena as atuais restrições impostas pelo Estado de Israel a Vanunu.

Mordechai Vanunu na verdade é vítima do arbítrio por ter prestado um serviço de utilidade pública ao mundo informando a existência de armas nucleares por Israel.

– James “Hoss” Cartwright

General da Reserva do corpo de Fuzileiros Navios da Marinha norte-americana nasceu em 22 de setembro de 1949. Exerceu vários altos cargos em sua corporação, inclusive como comandante interino do Comando Estratégico dos Estados Unidos, tendo depois de 40 anos de serviço se aponsentado em 3 de agosto de 2011.

Chegou a ser conselheiro militar do Presidente Barack Obama.
Mas, em junho de 2013 o militar passou a responder processo no Departamento de Justiça dos EUA. Ele é acusado de ter tornado pública a informaão segundo a qual foi feita uma operação cibernética para através do Stuxnet vírus, desativar centrífugas nucleares do Irã, como parte da chamada Operação Jogos Olímpicos.
O processo a que ele responde está sob segredo de justiça e tanto a Casa Branca como a imprensa de um modo geral procuram evitar qualquer declaração ou comentário a respeito.
A invasão cibernética nas usinas nucleares do Irã é fato praticamente mantido em segredo pelos governo e Justiça norte-americana. A revelação do fato demonstra que os Estados Unidos e seus aliados não só espionam países e personalidades que o governo quer, como também executa serviços como o realizado no Irã.
Graças ao General James E. “Hoss” Cartwright, a ação clandestina tornou-se pública. Ao fazer isso, o militar permitiu que fosse informada a manobra norte-americana e alertado o mundo como os Estados Unidos cercam um país simplesmente pelo fato de tentar desenvolver a energia nuclear para fins pacíficos, como alega o governo iraniano.
Com essa atitude, o militar norte-americano demonstrou que acima de qualquer coisa, o que precisa ser preservado é a paz mundial.
A sua maneira, portanto, prestou também um serviço de utilidade pública para o mundo.