Esta vida maravilhosa que a humanidade se doou, a extensa e extraordinariamente produtiva vida de Oscar Niemeyer, é um hino à esperança e ao sonho,  sem o que o viver perde sentido; mas é, igualmente, uma ode a este predicado raríssimo que se  chama coerência. Na verdade, no plano da ética e da ideologia, a existência profissional e política de Oscar, contrariando os traços de sua arquitetura humana e sensual, é uma linha reta. Brava, corajosa. Este, dentre tantos méritos, o legado que pretendemos comemorar, pois artistas muitos conheceu nossos séculos.

Oscar talvez seja, dentre todos os nossos pensadores — e ele o é, antes de escultor das grandes formas, como comumente é festejado–, aquele que mais se aprofundou no humanismo pois condicionou a obra prática – os monumentos, os edifícios, as construções— à sua visão de mundo. Por isso sua volumosa obra arquitetônica é bela, acima de tudo, porque revela seu amor ao povo, à universalização da arte, do saber, da felicidade, da igualdade.

Projetando palácios para a sede do poder burguês ou conjuntos habitacionais populares, Oscar é sempre um socialista que usa a prancheta para denunciar a sociedade de classes e anunciar o futuro socialista. Não conheço na história maior integração entre obra e vida, Elas se unem e é a existência socialista de Oscar Niemeyer que constrói a essência libertária de sua obra.

O ano de 2007 termina com o centenário de vida de Oscar Niemeyer. Bom momento para pensarmos o futuro, e nos definirmos diante de seu desafio.

15.12.2007

 

Roberto Amaral