Na última semana fomos surpreendidos pela invasão da policia federal na UFMG que conduziu coercitivamente, dentre outros dirigentes das universidades, seus reitores para prestar depoimentos na operação “Esperança Equilibrista” que investiga supostos desvios de recursos públicos na construção do Memorial da Anistia Política do Brasil.
Levar coercitivamente o corpo diretivo da UFMG sem que essas pessoas jamais tenham se recusado a colaborar com as investigações é um ataque não só aos direitos individuais dos docentes envolvidos, mas também ao Estado Democrático de Direito, duramente conquistado.
O caso em tela, na realidade, é mais uma triste consequência da hipertrofia do Poder Judiciário que vem pautando a agenda política nacional no último período. Nesse sentido, reafirmamos que o combate à corrupção não pode ser feito às custas de arbitrariedades e desrespeitos a princípios elementares de nossa Constituição, como o amplo direito à defesa, a presunção de inocência e o devido processo legal.
Não podemos esquecer do caso da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e as tristes decorrências dele que provocou o suicídio do professor Cancellier. Além disso, tais operações possuem uma consequência eminentemente política, que é a desmoralização de uma Universidade Pública de excelência por meio de um espetáculo midiático.
É preciso denunciar o plano de desmonte da Universidade que está por trás dessas operações. A solução que querem dar à suposta ineficiência e corrupção da Universidade Pública é cobrança de mensalidades e privatização.
Por fim, não poderíamos deixar de falar sobre o nome dado à operação: Esperança Equilibrista. Utilizar-se do nome da música escrita por Aldir Blanc e João Bosco nada mais é do que uma provocação barata a uma canção que está perpetuada na memória coletiva como uma homenagem aos nossos heróis e combatentes que resistiram à Ditadura Militar.
A Frente Brasil Popular se coloca, junto à União Nacional dos Estudantes, na linha de frente e na luta em defesa da universidade pública e contra os ataques a educação pública, gratuita e de qualidade.
São Paulo, 10 de Dezembro de 2017