O bispo de Campos (RJ), dom Roberto F. Ferrería Paz, ao falar sobre o 1º de Maio em nome da CNBB, em entrevista coletiva realizada na tarde deste Dia do Trabalhador, afirmou que “nunca se assistiu no Brasil tamanha retirada de direitos”. O bispo que é também presidente da Pastoral da Saúde, falou em Aparecida (SP), onde acontece a 55ª Assembleia Geral da CNBB: “Este 1º de Maio no Brasil é celebrado no contexto de um recuo sem precedentes nos direitos, de retirada dos direitos; o Estado esqueceu sua tarefa de mediador dos conflitos entre capital e trabalho para voltar-se contra os trabalhadores”; para ele o governo Temer “segue à risca a agenda neoliberal e, ao impor as ‘reformas’, usou uma palavra -reforma- que dá impressão de avanço, mas é uma ação para recuar ao capitalismo selvagem”.

O pronunciamento de dom Ferrería Paz foi extremamente contundente. Ele disse que “ao longo da história do Brasil os trabalhadores sempre estiveram na vanguarda das lutas democráticas” a garantiu que “os trabalhadores podem contar sempre com a Igreja Católica como companhia de caminho rumo a uma sociedade mais justa, mais fraterna que espelhe o Reino definitivo”.  Ele explicou que essa opção da Igreja prende-se à sua origem: “Estamos com a classe trabalhadora e não poderia ser de outra forma, pois Jesus foi um trabalhador”.

O bispo de Campos mencionou três iniciativas do governo Temer que concretizam a agressão aos trabalhadores: a terceirização das relações de trabalho, a reforma trabalhista e a PEC 287, “que praticamente elimina o sistema de Previdência Social no país”; dom Ferrería Paz . Ele reafirmou o apoio e incentivo da CNBB às mobilizações contra a reforma, afirmando que “diante da precarização das leis trabalhistas, nossa palavra é de encorajamento e de estímulo às mobilizações justas, democráticas e pacíficas para gerar uma cultura do trabalho decente, justo e solidário”.

No espírito do ensinamento do Papa Francisco, dom Ferrería Paz convocou os católicos e os democratas do país: “Temos que responder à globalização do descarte, da exclusão e da indiferença com a globalização da solidariedade, da comunhão e da justiça”