por: Bernardo Mello Franco
O governo interino começou a semana com mais cabeças a prêmio. Segunda de manhã (6), os candidatos à degola eram três: o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves; a secretária da Mulher, Fátima Pelaes; e o advogado-geral da União, Fábio Medina Osório.
Alves voltou à mira da Lava Jato com a divulgação de um documento em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o acusa de receber verbas do “esquema criminoso montado na Petrobras”.
Pelaes foi atingida por uma investigação sobre desvio de emendas parlamentares. Osório não sofreu acusações, mas virou alvo de intrigas no Planalto e no Jaburu.
Brasília amanheceu à espera de que Michel Temer demitisse ao menos um dos três auxiliares. Apesar da expectativa, o dia terminou sem demissões. O presidente interino preferiu guardar a lâmina e não depositou nenhuma cabeça na bandeja.
Foi uma mudança de atitude em relação às últimas duas semanas, quando os ministros Romero Jucá e Fabiano Silveira perderam os cargos ao aparecer em grampos da Lava Jato. Desta vez, Temer arquivou a promessa de ser “implacável” e preservou o emprego dos subordinados.
O presidente foi aconselhado a aliviar por dois motivos. Por um lado, a série de demissões reforçava a ideia de que ele não é capaz de garantir a estabilidade que faltou a Dilma Rousseff. Por outro, os partidos estavam começando a se insurgir contra a fritura de seus indicados.
Como o governo está cheio de políticos sob suspeita, seria questão de tempo que Temer ficasse sem muita companhia no palácio. Na dúvida, ele parece ter seguido a dica de Noel Rosa no samba “Positivismo”: “Também faleceu por ter pescoço / O autor da guilhotina de Paris”.