por: Valton de Miranda Leitão

O Brasil vive um momento turbulento na economia e na política em decorrência da crise econômica internacional e dos problemas de gerenciamento governamental, agravados pela duvidosa Operação Lava-Jato. Isso levou as forças conservadoras brasileiras, aninhadas principalmente em setores midiáticos e em partidos como o PMDB e o PSDB, a urdirem um golpe parlamentar apoiadas numa suposta irregularidade jurídica (pedaladas ou bicicletadas praticadas por todos os governos, desde a proclamação da República), embasando uma infeliz petição de impeachment.

A corajosa e honrada presidente Dilma não é uma hábil política e tem que enfrentar uma crise de grande porte, turbinada por desmandos em setores do PT. Porém, o instrumento jurídico do impeachment não pode ser usado para avalizar a ruptura democrática, tampouco é antídoto para eventual impopularidade ou dificuldades econômicas que a população, justificadamente, exige que sejam resolvidas. Aplicar tal dispositivo nessa circunstância configura golpe. É sabido, entretanto, que isso vinha sendo planejado pelas forças citadas acima, movimentando uma inquieta busca conspirativa do Poder.

As articulações envolvendo Michel Temer, Aécio Neves e Eduardo Cunha começaram a naufragar em virtude da completa desmoralização do Presidente da Câmara, conjugada com a tolice de uma carta infantil espalhada pelo Vice-Presidente do País. A condução da conspirata contava (conta) com a diabólica habilidade de Cunha no manejo do regimento parlamentar, fato que vinha provocando verdadeira confusão no País. O STF, ao estabelecer a dinâmica do rito do impeachment, praticamente inviabilizou o manobrismo oposicionista, provocando alívio em todos aqueles que defendem a manutenção da vida democrática. O psicanalista sabe que a vingança sempre procura um álibi para golpear o inimigo, enquanto o político é consciente de que a arquitetura judiciária pode ser utilizada à direita e à esquerda, e que Stalin e Hitler praticaram seus horrores dentro da mais estrita legalidade.

O flagrante insucesso das últimas manifestações populares mostra que o País está cansado desta situação, em grande parte, fabricada com o objetivo de retirar do poder o projeto que mais beneficiou as populações pobres e de baixa renda, no Brasil, nos últimos 14 anos. Dilma é apenas o bode expiatório desta urdidura do interesse do grande capital nacional e internacional. Setores cada vez mais amplos da intelligentzia têm manifestado essa preocupação, pois isso levaria o País a mergulhar numa turbulência sem precedentes.

Diante disso, com Lula e o PT acuados, o corajoso PC do B faz um trabalho louvável, enquanto personalidades de destaque como Ciro Gomes, Leonardo Boff, Chico Buarque e J. P. Stédile, usando do seu conhecimento de economia política, ética e história, denunciam a trama golpista. A Frente Nacional Democrática articulada por Roberto Amaral organiza o trabalho político que precisa de apoio sindical e social.

A Suprema Corte fez valer a Constituição Cidadã e golpeou o golpe.