Embora já tenha sido capital do país, o Rio não tem como tradição lançar candidatos fortes no cenário nacional

Durante a ditadura, o Rio de Janeiro foi palco de forte oposição ao regime imposto pelos militares. O PTB, partido do então presidente, João Goulart, manteve influência sobre a bancada do MDB local. O movimento estudantil representou outra ameaça aos militares. Segundo o ex-presidente do PSB Roberto Amaral, esse posicionamento era tradicional do Rio de Janeiro.

– Havia uma forte tendência do eleitorado carioca à oposição, mais à esquerda. A única vitória que a direita havia tido era a de Lacerda – lembra Amaral.

Por ser um importante polo de oposição e, portanto, uma ameaça ao regime imposto, o Rio de Janeiro teve uma presença política no governo muito restrita ao longo do período militar. Durante os governos dos presidentes Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, não houve sequer um ministro fluminense. Foi também na gestão de Geisel que ocorreu a fusão entre o então Estado do Rio de Janeiro e o Estado da Guanabara.

– Na época, aquilo significou uma clara tentativa do governo Geisel para conter a forte oposição exercida pelo Rio de Janeiro – diz Amorim.

Segundo Amaral, a fusão inaugurou uma nova política, em que os votos do interior do velho Estado do Rio de Janeiro foram controlados pela máquina do governador Antônio Chagas Freitas, que apesar de ser do MDB, apoiava o regime militar. A nova dinâmica inaugurou o enfraquecimento da bancada do estado no Congresso Nacional.

– Com a fusão, passaram a ter os grotões, os deputados federais eram eleitos lá, numa espécie de voto distrital. A partir desse momento, nós passamos a ter uma bancada de deputados anônimos – comenta Amaral.

Já Moreira Franco viu na fusão uma forma que o governo militar encontrou para cercear o poder de outro estado.

– Geisel achou que era necessário criar um novo polo para competir com São Paulo e juntou o Estado da Guanabara e o Estado do Rio, o que foi péssimo – afirma Moreira Franco.

Independentemente do objetivo, o período militar foi bastante prejudicial para a participação política fluminense a nível na cional. Mesmo com o fim da ditadura, o número de ministérios ocupados por políticos locais continuou a cair.

Fonte: Jornal da PUC