por: Pedro Amaral
A história do terrorismo estadunidense é longa, vasta, impossível de resumir em poucas linhas. Para contá-la, seria preciso dividi-la em períodos e regiões do globo. Para resumi-la da forma bem sumária, bastaria dizer que o combate à “ameaça vermelha”, nos tempos da Guerra Fria, ensejou uma pletora de episódios quentes na periferia, muitos deles sob patrocínio da White House. E a coisa não parou por aí.
Haveríamos de nos lembrar dos Talibãs no Afeganistão; dos Contras na Nicarágua; do lançamento de mísseis sobre fábricas de medicamentos do paupérrimo Sudão pelo carismático Bill Clinton, em 1998; do ataque à Iugoslávia em 1999… e assim por diante. Claro, sem jamais olvidar dois dos mais impressionantes atos de terror do sangrento século XX: as devastações atômicas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945.
Essa saga de destruição e horror – marcada, sublinhe-se, pelo uso abundante de civis como alvo – possui um rico capítulo dedicado às agressões à República de Cuba, em cujo território, ainda hoje, o país de Miss Liberty mantém ilegalmente um campo de concentração para onde são levados prisioneiros sequestrados, claro, ilegalmente, em países invadidos também ao arrepio da lei.
No capítulo caribenho, por sua vez, destaca-se um indivíduo, cubano de nascimento. Agente da CIA, treinado em Fort Benning, Luis Clemente Faustino Posada Carriles, hoje com 87 anos, é veterano de diversos atentados (começando pela malfadada Invasão da Baía dos Porcos, em 1961), dentre os quais se destaca a explosão de um Douglas DC-8 da Cubana de Aviación (voo 455), em 6/10/1976, que matou todas as 73 pessoas a bordo, e a série de atentados a bomba a hotéis e pontos turísticos de Havana praticados em 1997.
Isso visto, não há como ignorar a amarga ironia do gesto – histórico, sem dúvida, e sem dúvida benvindo – concretizado neste 14 abril de 2015: o envio ao Congresso, pelo Presidente Barack Obama, de documento expressando seu desejo de retirar Cuba da lista estadunidense de “países que apoiam o terrorismo” (lista essa que exclui – ora vejam! – a Arábia Saudita).
Pensando bem, temos que reconhecer que a história das relações internacionais é, em boa medida, a história da desfaçatez. Ou da infâmia, para lembrarmos Jorge Luís Borges.