Ainda falando de anedotas. Há alguns anos, jornais do Rio de Janeiro noticiaram a prisão de um estelionatário português, morador da Zona Norte da cidade, que havia se apossado de um talão de cheques alheio e feito umas comprinhas, mas não se recusara a atender ao pedido da vendedora para que anotasse seus dados no verso do cheque. Como se pode imaginar, a polícia não teve trabalho para chegar à casa do sujeito e recolhê-lo para os procedimentos de praxe. À época não faltaram, claro, as previsíveis piadas maldosas dando conta de um suposto déficit intelectual dos nossos irmãos lusitanos. Nadando contra essa corrente, comentei com alguém que o episódio, se demonstrava algo, era não a burrice mas a espantosa honestidade dos portugueses: afinal, pelo que se via, em Portugal até mesmo o golpista agia com lisura!
Digo isso porque acabo de ler que, em suas diligências na residência do pobre senador afastado Aécio Neves na av. Vieira Souto, a Polícia Federal teria encontrado comprovantes de depósito identificados como “Cx 2”. A defesa do investigado, como lhe compete, já se apressou em afirmar que “Cx 2” não significa “Caixa 2”, como vocês estão pensando. Aliás, não sei o que pensar a respeito: estamos diante de um caso semelhante ao do supracitado Joaquim, ou de algo mais sofisticado, como uma tentativa de imitar a carta roubada do conto de Allan Poe, que passa despercebida pela polícia por estar demasiado à vista?
Pedro Amaral