por: Valton de Miranda Leitão

O Estado de Exceção vigente no Brasil com a derrubada de Dilma Rousseff tem continuidade com o apoio obsceno da grande mídia, de um congresso de palermos políticos e, o mais incrível, a operacionalização de medidas antipovo conduzidas por parcela do judiciário.

Trata-se de um verdadeiro massacre contra os trabalhadores, os servidores públicos, as universidades e a população de baixa renda para tornar o rentismo dos bancos e a riqueza dos ricos ainda mais lucrativa.

O sistema midiático conseguiu transformar um simples juiz curitibano num verdadeiro Procusto, que juntamente com meia dúzia de rapazotes munidos do Vade Mecum do direito, combinados com policiais exibicionistas, promovem no País o que proclamam como purificação da vida sociopolítica!

Assim, o estatuto chamado de delação premiada transformou-se na tortura mental procustiana, que, sob o disfarce do combate à corrupção, quebra a economia nacional e pretende atingir diretamente personagens importantes da esquerda para impedir a continuidade de um projeto político popular. Além disso, é legítimo suspeitar que a maioria dessas delações não merece o menor crédito.

Não há dúvida de que a imparcialidade e a neutralidade que devem orientar o judiciário foram abaladas nesta dificílima fase da vida política nacional. Escrevi no artigo A desmedida das dez medidas o seguinte: “O fato é que para o observador intelectual, a balança de Têmis sumiu para dar lugar à régua de Procusto, pois quem não couber na sua medida será fatalmente punido”.

Weber afirma que o mercado capitalista constrói jaulas de ferro dentro da sua racionalidade burocrática, mas no Brasil, aparentemente, existe uma jaula instalada em Curitiba e, nela, Procusto pretende prender o maior símbolo e mito da luta do povo brasileiro contra o patrimonialismo de uma minoria ultraprivilegiada, principalmente na Fiesp.

Essa situação precisa ser denunciada, pois a engrenagem montada para atender a interesses dentro e fora do País, de bancos e ultramilionários é suportada pelo aparelho da grande imprensa com núcleo principal na Globo. Não é possível que o Direito brasileiro esteja resumido à lei vesga da espetaculosa Operação Lava Jato. Isso significa colocar o Direito de cabeça para baixo, pois não é a lei de juízes e procuradores que faz o povo, mas é exatamente o inverso, é o povo que, por meio de representantes legitimados pelo voto, faz a Constituição e a Norma Geral, ou seja, o Direito.