O cientista político, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e ex- presidente do PSB, Roberto Amaral, lançou nesta terça-feira (20), em Brasília, o livro “A Serpente Sem Casca – da ‘Crise’ à Frente Popular”. A obra, apresentada pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) e pela deputada federal Luíza Erundina (PSB-SP), fala sobre o quadro político econômico brasileiro e destaca a criação da Frente Brasil Popular, apontando o movimento como alternativa na luta contra o retrocesso.
Durante a sessão de autógrafos, o autor falou com exclusividade ao Portal CTB sobre a publicação. Amaral ressalta que o livro faz uma análise da crise política econômica brasileira, da “evidente crise das esquerdas e do avanço do pensamento e ação de direita”.
O escritor diz que a obra “vê o que está ocorrendo, mas procura, principalmente, revelar o que está subjacente, que não está muito claro e é mais grave que tudo – o crescimento de uma sociedade protofascista no Brasil, que ameaça a democracia”.
Segundo Roberto, a partir dessa avaliação, o livro traz uma tese, que é a tentativa de construção de uma frente nacional popular, abrangente, que cabe a todos os brasileiros progressistas e liberais, preocupados com a continuidade do processo democrático.
Amaral refere-se à Frente Brasil Popular, coalizão lançada no último dia 5 de setembro por entidades como a CTB, diversos movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos e personalidades. A FBP é uma tentativa da esquerda de impedir o avanço da onda conservadora em curso.
A frente foi criada com o compromisso de lutar contra o golpismo, defendendo a legalidade democrática e o mandato constitucional da presidenta Dilma Rousseff. No entanto, um dos objetivos do movimento é, também, combater a política econômica adotada pelo governo depois da reeleição de Dilma, centralizada pelo chamado ajuste fiscal.
Confira trechos da entrevista dada por Roberto Amaral ao Portal CTB
Riscos oferecidos pela onda ultraconservadora presente no Brasil: “O retrocesso é a principal ameaça. Estamos tendo muito retrocesso no Congresso Nacional. Redução dos direitos civis, sociais, das mulheres, dos homossexuais, dos negros, dos índios, ameaça às minorias, o aumento da desigualdade social. É esse o quadro que se oferece à sociedade.”
Origem da crise: “Há várias origens. Mas, fundamentalmente, a incapacidade de o capitalismo resolver os problemas dos países subdesenvolvidos, realizar o desenvolvimento com distribuição de renda. Esta é a origem da crise, agravada com a crise internacional do capitalismo monopolista financeiro e com o fato do Brasil não ter tido condições de realizar as reformas estruturais necessárias.”
Atitude do governo para impedir o golpe: “Só há um caminho e é justamente o que o governo não quer percorrer – o do diálogo com as bases populares.”
Proposta da Frente Brasil Popular: “Chama a sociedade para refletir, pensar nos projetos fundamentais e estruturantes para o País. Atenta para a necessidade de nos unificarmos, organizarmos, reagirmos.”
De Brasília, Ruth de Souza – Portal CTB
Foto: Valcir Araújo
Fonte: CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil