Por Ailton Benedito de Sousa

Este trabalho resulta da reedição, visando a redução do número de páginas,  de texto anterior  de mesmo título, a fim de adequá-lo ao formato exigido por vários meios. Seu  objetivo  é mostrar  que o governo de desconstrução nacional que ora se inicia  é a natural conseqüência de  mais de dois séculos de implementação de políticas estatais de  seleção de imigrantes de áreas  geográficas de predominância  “caucasóide”  em termos de auto-assumida etnicidade de seus habitantes,   políticas aqui sintetizadas como “ do embranquecimento” , as quais,  dada a crença geral de que constituímos sociedade de convivência inter-étnica pacífica,  cordial, paradoxalmente  jamais ousaram  esconder  seus  objetivos de limpeza étnica:  embranquecer. No Brasil, ações eminentemente racistas jamais são vistas como tais.

Assim, essas políticas, (justificadas à base de preconceitos: negros, índios e mestiços são inadaptáveis a um projeto nacional), objetivaram e ainda objetivam, sem que jamais se faça referência  a conflitos raciais pontuais  –    à redução absoluta  dos contingentes populacionais de marcadas características étnicas:  de um lado, negros de todos os matizes;  de outro,   índios e mestiços pobres em geral. Cumpre atentar para o significado  perverso  do termo  embranquecer, quando referido à composição étnica de uma sociedade.

Para atingir seus objetivos, essas políticas têm-se valido da indução, direta ou indireta, de ações que resultem em ampliação do grau de fragilidade das  etnias estigmatizadas, enquanto que abertamente “empoderam”   as etnias não estigmatizadas, supervalorizadas,   na medida em que concederam e ainda concedem vantagens econômicas e sociais generosas a brasileiros ou a adventícios dessa  descendência caucasóide, negando aos brasileiros descendentes das etnias estigmatizadas, mesmo durante os últimos 200 anos de vida estatal independente,  o mínimo dos mínimos em termos de cidadania plena e seus constituintes (isonomia na distribuição patrimonial, moradia digna, emprego, educação, saúde, proteção jurídica, segurança, incluindo a área dos valores simbólicos, reverência à história, à cultura e à cor desses indivíduos,  donde o eterno “defeito da cor”).

Favorece, também, a implementação dessas políticas de embranquecimento, o apoio à perenização de  arraigados preconceitos de superioridade racial, contrapartida da matriz de todos os preconceitos, o racismo.

Entre índios e seus descendentes,  e , principalmente, entre os afro-descendentes,  essas políticas e seu quadro justificativo favorecem  o desenvolvimento de condutas marcadas pela  noção de  baixíssima auto-estima,  mais baixa, ainda, em relação à  ancestralidade, à cultura-mãe,   deixando caminho livre para  a naturalização de práticas racistas, como a impunidade de condutas destrutivas, principalmente no interior das etnias e culturas privilegiadas, não estigmatizadas: – destruição de templos de religiões de matriz africana, práticas de linchamento, políticas de encarceramento preventivo sistemático,  assalto genocida às aldeias indígenas, assassinato de jovens negros, expansão de seitas fundamentalistas neutras ou favoráveis ao massacre desses povos melaninados, referenciados, segundo essas seitas,  a uma  ascendência pecaminosa, má (os filhos de Cam, que sodomizou o pai, Noé).  Mas é na dimensão cultural, no campo do simbólico,  que a ação e efeitos dessas políticas  são mais deletérios. Por  essas ações e efeitos  ficam justificados o apagamento de seu papel histórico  e cultural tanto no nível local, quanto no nível planetário,  além de justificada ou legalizada a  expropriação e malbarato  de seu patrimônio simbólico-cultural, dezenas de vezes milenar. Está diante de todos, o acarajé de Jesus, a capoeira de Jesus, o samba de preto e o samba de branco.

Para que o leitor não me peça a fonte  das afirmações ou argumentos, expostos, cumpre sempre lembrar:

A nação brasileira  desde seus primeiros vagidos  sempre se declarou insatisfeita com o material genético, logo material humano, de que,  de fato,  começara  e  continuaria  a  se  constituir  séculos afora.  Jamais se explica, nos livros  didáticos e de divulgação, o teor do desacordo – entre José Bonifácio e seus aliados favoráveis à criação de uma nação multi-étnica a partir da alforria progressiva – e  os  grupos contrários, que  por fim predominaram.  Diante da possibilidade de um processo de caldeamento genético natural, com membros das diferentes etnias distribuídos em quotas justificadas e consensuais em todos os níveis das estruturas material e simbolicamente produtoras  de  riqueza  e  bem-estar geral, relativos à nação como um todo,  preferiu-se continuar-se  com o modelo colonial, com a escravidão e o apartheid , além da  manipulação genética indireta (miscigenação até o fim da “raça”), passando pela  submissão  e degradação física e mental do ser humano  tendo por base a cor. E, paralelamente no nível da dinâmica do quotidiano da sociedade,  às continuadas, permanentes  e  já  naturalizadas  ações diretas de extermínio de negros e índios (sub-cidadania, pobreza estruturalmente induzida pelo Estado,  incentivo aos ditos superiores quantoà exteriorização de sentimentos de exclusão-repulsão,  expropriação  do patrimônio material e  cultural com  manifesta desvalorização ou deleção (ato de deletar) nos registros históricos, a contribuição desses  segmentos estigmatizados pela cor. Por fim, tendo em vista a legislação criminal proposta pelo governo que hoje, 2019, inicia-se,   guerra de extermínio sem quartel  aos negros, índios e pobres.  Nas áreas urbanas, o Estado introduz  a  infraestrutura de produção e distribuição do que classifica como “droga” com os mesmos objetivos que o governo inglês teve ao introduzir o ópio na China no século XIX:  à dependência econômica ou pobreza material, de segurança comunitária e individual,  acrescentar individual e coletivamente  a dependência quanto á saúde e bem-estar físico-químico e neurológico,  de sobra  retirando-lhes  da moradia humilde as prerrogativas da inviolabilidade do lar, inviolabilidade que, por razões óbvias, reconhece apenas às igrejas  ditas evangélicas.

Repetindo, para justificar a propriedade dos argumentos que aduzo neste artigo, não preciso ir além das manifestações e intervenções dos candidatos vencedores  das últimas eleições,  presidencial  e parlamentares. Do ponto de vista da comunicação de massas, é o conteúdo das crônicas de nosso cotidiano.  Apenas  acrescento que  o quadro  que  responde pela  origem  dessas manifestações reporta-se aos  250 anos de implementação do que todos conhecemos como  “ política do embranquecimento”  (revalido a palavra embranquecimento,  a partir de sua origem e uso há séculos popularizado pelos meios de comunicação).

Dito de outro modo,  para que se retenha na mente e no coração: O  bolsonarismo, hoje poder federal  e hegemônico em muitos estados,   é  o epílogo de um processo de formação de imaginário, de  formação de “lugar” de pertinência individual e grupal,  de formação de “caráter”, comum a uma fração de imigrantes, para cá atraídos principalmente  a partir do início do século 20, à guisa de vantagens materiais,  os quais,  do final do século 20 para cá, diante do imenso salto dado pela sociedade brasileira no que tange ao aumento da riqueza social, ou de sua percepção (de exportador de exígua pauta de produtos primários à  8ª. economia do Planeta),  subitamente  se vêem, de uma parte,  logrados com a parcela de riqueza que receberam  pela “cor de pele branca” trazida à nova experiência nacional;  de outra parte, virulentamente violentos  e  odientos frente à possibilidade  de surgimento de um “estado esquerdizante”  que sustente,  por algumas décadas,  uma política de eliminação da pobreza a partir de distribuição relativamente igualitária do patrimônio  agora descortinado: Pre-Sal, minérios de imenso valor estratégico (Nióbio), extensões de terras agricultáveis  e de florestas de proporções continentais,  subsolo  regurgitando  de riquezas,  imensas redes fluviais, rodoviárias e marítimas,  transposição de bacias, imensa costa marítima, mares subterrâneos de água-doce de dimensões também planetárias, entre outras.

Quem somos?

Experiência  agroindustrial, coletora  e pastoril   suis generis (dizima-se e “dessocializa-se”  o nativo  [expulso das relações de troca e convívio, exceção para vagina e útero da índia]  trazendo-se  de fora força de trabalho escrava (o produtor, humano, relegado ao nível de coisa),  força de trabalho que seria  “dessocializada” também, não fosse o malogro da intenção).  Colônia tropical  há milênios habitada por seres humanos ‘civilizados’,  ao primeiro contato  escravizados  e  considerados inassimiláveis às normas de convivência, de  trabalho , bem como da tecnologia inerente aos ciclos produtivos ditados pela economia mundial  (açúcar, gado, algodão, café, mineração, exceção para as ervas do sertão na Amazônia), a experiência Brasil é um eterno ensaio inaugural, inovador,   de práticas arcaicas, um paradoxo, a metástase de um  câncer  que vem  atravessando  diferentes épocas, sempre retardando o golpe final no corpo afetado.

Em 1532, com o início da experiência inviável, o contra-senso ou “pecado original” se instala, perdurando  até  nossos dias:   – o corpo negro-africano torna-se, ao mesmo tempo, o mais importante  e  o  mais degradado elemento desse empreendimento,  quer em sua fase colonial, quer na nacional. Inexistiria Brasil  sem  a entrada,  em fluxo constante por mais de três séculos,  de seguramente perto  ou  mais de  10  milhões de seres humanos negros  (para cada escravo vivo chegado a portos ou locais clandestinos de desembarque, 5 teriam sido tragados pelo Atlântico durante a travessia). Aos que questionarem o número, lembre-se que estatística,  quando prova de crime, é feita para esconder. E de 1789/91, passando por 1831 e 1850, o tráfico negreiro  aqui e no mundo  é no mínimo crime.

Reafirmemos: diante do projeto de exploração,  colonial ou  nacional, praticamente do século XVI às beiras do século XX, o escravo negro, a terra e a ação de venda e extermínio do nativo  são,  em concomitância,  fatores imprescindíveis à sustentabilidade dos projetos societários entre nós. Dou como prova São Paulo e seus facínoras bandeirantes.  A terra abundante aqui jamais valeu nada…Era  dada  contra  participação nas colheitas de exportação, a quem tivesse capitais. Aliás, até hoje a prática vige. Antes a Coroa e a Igreja como doadores;  hoje Senado e Executivo;  e países estrangeiros  através de “laranjas”,  como donatários, vide Mato Grosso do Sul.  Queimemos etapas e prossigamos.

No decorrer do  século XX,  a tensão política, isto é, o motor da ação dos diferentes segmentos sociais frente a um poder unificador, será o embate modernidade nacional  versus  conservadorismo colonial,  o primeiro termo  implicando a procura, a invenção, a descoberta  de meios,  de  recursos (humanos e econômicos)  no nível da União (poucas vezes  no estadual ou municipal)  para induzir e estimular, na  massa de degradados,  um reticente processo civilizatório, frente  a uma crescente massa de descendentes de índios e ex-escravos, e de imigrantes  “caucasóides”, os primeiros  necessariamente desaculturados, portanto fragilizados   em relação ao modelo europeu pós Revolução Industrial, modelo em relação ao qual,  não só os portugueses mas a maioria dos habitantes da Europa  também estavam e ainda estão desaculturados e fragilizados.

É a descoberta, invenção e produção desses recursos que em última instância vão  modelar,  justificar  ou configurar o “Estado”   que a duras penas se tem tentado  erigir entre nós (conscientemente a partir  da visão de Zé Bonifácio,  e do gabinete natimorto  do Conde Afonso Celso):   – Estado-novo, Estado  Desenvolvimentista, Estado do Bem-estar, Estado Assistencialista,  todos hoje objeto da sanha destrutiva  dos  governos estaduais e federal eleitos em outubro de 2018.

Esquerda e Direita, viajantes de destinos e objetivos opostos, mas infelizmente até hoje guiando-se pelas mesmas bússolas e mapas

A grande e bi-secular ilusão re-imposta à consciência dos seres humanos pós-Congresso de Viena de 1815, epílogo reacionário da Revolução Francesa,  é  a crença num amálgama de proposições em permanente desconexão,  oriundas de autores europeus como Hobbes, Rousseau, Montesquieu, Karl Marx e outros,  em diálogo  não só com  Darwin,  este erroneamente visto como pai do evolucionismo social, como também com  Herbert Spencer, Walt Whitman Rostow  ( bem recentemente redesenhando  as etapas do desenvolvimento econômico)  e o indefectível Gobineau.

È a  crença,  no campo do que se chama ciências econômicas ou sociais em geral  (para não dizer no campo epistemológico geral) nesse guisado ideológico, sem o qual até hoje no Brasil ninguém tira título de mestre ou doutor,  que consolida  o consenso laico  e acadêmico  de que as sociedades humanas, como o embrião animal,  têm infância, juventude, maturidade/adultez  e velhice (para os extremados racistas, herdam, também, as taras genéticas do feto animal).

Resumindo, não só  os marxistas mundo afora,  mas também o próprio Marx acreditava que a Europa que o viu nascer, juntamente com a cultura  que  a partir de cujas línguas  ele assimilou, seriam ambas,  línguas e realizações materiais, expressão não só de uma sociedade adulta, matura, mas  da “única sociedade adulta  dele contemporânea”, metrópole hegemônica de algo chamado civilização  greco-romana-judaico-cristã,  principalmente  se vista em comparação com a África, então considerada feto malformado. Esses, os dados recebidos por Marx: o Egito Antigo  era branco e ficava na ponta esquerda do arco hoje chamado Oriente Médio, não na África.

Nesse diapasão, o que  a Marx se apresentava como sociedade industrial, com seu “modo de produção capitalista” (de cujo estofo imaginário Marx é o criador, já que sem ele o capitalismo não estaria com “essa bola toda”),   com sua burguesia opulenta, em termos econômicos,   e  sofisticada, em termos culturais, com tecnologia de ponta, trens e navios transatlânticos  a vapor, ciências livrando-se da magia, promessa de um mundo novo com eletricidade e magnetismo, tudo  seria  o epílogo de “uma linha de evolução”  em que, dela para trás,  estaria o túnel do tempo,  levando ao passado,  às sociedades  agrárias feudais (as de nobreza européia, claro) de organização social feudalizante, mas nobres, nada obstantes atrasadas, seguidas das  feudais-escravagistas, muito mais atrasadas (na fase juvenil, talvez)  até que se chegasse aos extremos, a infância da humanidade, quase ao nível dos primatas selvagens, a tribo, a África, o caos. Marx não era racista, sua ascendência e descendência tem sangue negro-africano. Mas, esse era e foi seu quadro epistemológico, contra cujas muralhas lançou petardos visando sua destruição.

Com relação às idéias do mundo, até aí,  péssimo…,  mas vem coisa pior. O evolucionismo social desemboca  numa lagoa de sangue podre: para o pensamento europeu (ainda vigente entre muitos no mundo de hoje),  as fases evolutivas das sociedades e do embrião animal  correlacionam-se  com as raças, epítome das teses de Gobineau: raça branca, superior absoluta, a raça adulta;  raças amarela  e  vermelha (uma invenção diabólica, jamais existiu raça vermelha), a juventude, a adolescência, talvez…Por fim, a raça negra, para muitos a infância, para outros, uma  derivação abjeta  da Espécie  e em extinção.  (Nota, com essa descrição, incorro em risco quanto à alcunha de exagerado. Que meus inimigos não me subestimem. Estou ao corrente de algumas linhas de crítica epistemológica e há anos mantenho contato com a leitura de autores africanos como os profs. Alfredo José do Nascimento, Achille Mbembe, Dibombari Mbock e outros).

A esquerda e as etapas de Rostow

Toda a intelectualidade brasileira – homens e mulheres que independente de cor, raça ou classe tenham mantido e mantenham contato com a reflexão sobre as condições da  existência humana  no país  e no Planeta e, portanto, tenham contatado os autores acima citados, diretamente ou por referência, dificilmente terão  escapado a visões de compreensão do mundo como a que descrevemos para o grande pensador Karl Marx.  É a  “visão de mundo” comum a uma ou a várias épocas, a uma ou a várias culturas. E essa visão, às vezes chamada de base epistemológica, mapa de pensamento, visão de mundo,  é histórica. Tem princípio, meio e fim.

A esquerda aceitou e aceita, quando não crítica,  o evolucionismo social. Os pensadores africanos, vide prof. Alfredo José  do Nascimento (Youtube, la renaissance africaine)  já trabalham com outra base teórica. Para a intelectualidade  de África hoje, agora, responde pela realidade de uma sociedade num momento dado não o evolucionismo social, mas  “os golpes” que ela  venha “sofrendo”,  ou “dando”  ao longo do tempo (vejam a conferência la renaissance africaine).  A África vem sofrendo tremendos golpes mortais há mais de 2000 mil anos. Atenção, Egito é África.

Seguindo Marx  e todo o lastro revolucionário prático e teórico que o marxismo deixou, nossa esquerda aceitou rebarbas do evolucionismo quando baseou e baseia suas táticas numa estratégia que escalona as sociedades em atrasadas ou primitivas, subdesenvolvidas e desenvolvidas,  ao mesmo tempo em que escalona  as etapas de luta em revolução, ditadura do proletariado e socialismo,  visando à criação de condições para  uma sociedade adulta, mas ainda não matura, pois a maturidade só vem com o comunismo. Pronto. Quem aceita sociedade matura, tem que aceitar as imaturas e primitivas, tem que  aceitar a sociedade e o homem infantil, retardado: o díptico homem e sub-homem.  Em suma, mundo desenvolvido e mundo subdesenvolvido. E quem  aceita essa baboseira toda. tem que aceitar o homem superior e o homem inferior, tem que aceitar o RACISMO, direta e abertamente como a Direita e os racistas, ou indireta  e implicitamente, como a Esquerda.  Tem que aceitar o papel de “carrasco”  que leve ao “fim” desse homem inferior (stalinismo). A política colonial francesa é obra dos socialistas, ponto final.

No nível das lutas do pós-guerra (1945/1989),  segundo a invenção ideológica chamada teoria econômica  burguesa, capitalista ou ocidental (Walt Whitman Rostow),  os países subdesenvolvidos, atrasados, imaturos, poderiam atingir o nível de maturidade das potências, desde que se submetessem a uma certa receita, ou seja, contraindo empréstimos e  induzindo em si mesmos, através de Estados fortes, aquilo que lhes faltava: uma base energética moderna, uma base industrial (indústrias de base)…e, principalmente(dizemos nós) …uma CLASSE OPERÁRIA e uma BURGUESIA – eis o tendão de Aquiles das políticas de esquerda até hoje no MUNDO: você cria o monstro, a residência do monstro,  as presas  que vão alimentar o monstro, ceva-o, engorda-o, para um dia, quem sabe?, sacrificá-lo  em nome do SOCIALISMO. Mas antes disso, o monstro vem e come todo mundo. É o que temos hoje. Bem, resumindo outra vez:

Daí  a necessidade de grandes ativos na estrutura econômica estatal desses Estados  chamados  por  bolsonaristas  de para-assistencialistas, isto é,  parasitas e assistencialistas:  Petrobrás, Eletrobrás, Embraer, Vale do Rio Doce, Furnas, Indústria Naval, Aero-espacial, enfim, economia estatal. Tudo terá que ser criado com recursos do Estado frágil, tirado das mãos dos latifundiários exportadores de café (Revolução de 30), já que em colônias esdrúxulas como a brasileira, os bilionários não aplicam seus capitais no desenvolvimento econômico interno.  Mas, à ocorrência do sucesso da linha estratégica de desenvolvimento capitalista estatal, como hienas diante de presa ferida, eles atacam – tomam o poder  político, logo privatizando, para  si e aliados, a riqueza criada com recursos do patrimônio coletivo: hoje o monstro comeu todo mundo.

Eis o governo bolsonaro.  A argumentação  que levantam para iludir o povo é essa palavra que encarna o Diabo: corrupção…Esquecem que as duas maiores formas  de corrupção foram: a) a transformação de um Estado colonial agrário, exportador de matéria prima, num Estado rico, oitava economia do mundo,  no nível de Terceira Revolução Industrial, resultado de vultosa soma de capitais saídos exclusivamente  do Tesouro Público amealhado com o suor de trabalhadores escravizados…b) o assalto ao bojo das instituições políticas desse Estado (executivo, legislativo, judiciário, forças armadas, patrimônio econômico) ao arrepio da Constituição democraticamente aprovada pela 5 vezes centenária base populacional da Nação.  (continua)