por: Valton de Miranda Leitão

A célebre saudação nazista (salve Hitler) está inteiramente de acordo com a inquietante vitória do arquitrilionário, Donald Trump, para presidir o país mais rico e militarizado do mundo. Hobbes afirmava que o instinto mais poderoso do homem é o de domínio e posse, que submete a sexualidade inconsciente aos seus desígnios.

Durante toda a campanha, Trump mostrou sua personalidade preconceituosa em todos os níveis que o preconceito pode alcançar: racial, cultural e de delírio triunfalista do poder imperial. Além disso, apresentou o extremado individualismo narcísico, em que o objetivo fundamental é aumentar o patrimônio e, assim, aliou o extremo individualismo ao complexo narcísico mais exacerbado.

A frase chave do americano médio, branco e de olho azul, que elegeu Trump é: how to get rich! (como ficar rico!). As promessas de campanha de sair do acordo climático, que está acontecendo no Marrocos, deixar as obrigações do comércio multilateral e rever o tratado de Genebra sobre armamentos e alianças militares mostram a dimensão hitlerista desse homem que chega ao poder, praticamente sem partido e contra a política como forma de convivência humana.

Quando, em 388 a.C, Aristófanes escreveu Pluto ou as vicissitudes do dinheiro e do poder, no diálogo com seu criado, Cremilo, este exaltava sua condição de ser mais poderoso do que Zeus, porque detinha a distribuição do dinheiro (ouro), mostrava também que poderia aspirar a todo o poder do Olimpo. Isso é o que parece ter acontecido na eleição norte-americana, pois além de culturalmente aquele país ser uma plutocracia, agora tem uma espécie de Pluto no poder. Tal situação, entretanto, é incomparavelmente mais perigosa do que aquela narrada jocosamente pelo dramaturgo grego, pois a águia americana carrega no bico bombas de hidrogênio e nas guerras, bombas de fragmentação que poderão espalhar o terror pelo mundo.

Essa situação já estimulou a direita de todo o planeta e os grupos nazifascistas estão exultantes. A klu klux klan que apoiou a eleição do magnata, agora afirmou em nota que o país retornará à dinâmica do fuzil e do porrete para submeter todos àqueles que não aceitarem a nova ordem, e os mexicanos certamente, serão os primeiros a serem submetidos a um muro de separação.

As tiranias e os autoritarismos animados com essa nova configuração geopolítica, certamente farão uma nova divisão do mundo, tal como na era Bush, entre os do bem e os do mal. Evidentemente que tal maniqueísmo se alimenta com um combustível muito especial, o ódio, pois os do bem são aqueles que detêm o poder do dinheiro e da força, enquanto os do mal são os negros, humilhados, ofendidos e pobres do mundo inteiro (mexicanos, latino-americanos, africanos etc.). O amor ao ódio alimenta a divisão e a despolitização, pois ignorar a política é tão estúpido, quanto ignorar o sistema planetário.
O Brasil será influenciado na mesma direção, pois aqui temos um clone Bolsonaro e um despolitizador, João Dória. O fuzil já foi encoberto pela toga curitibana, enquanto um Temer caricato posa de presidente. Viva Ana Júlia!